“A Hora Mais Escura” mostra que os fins nem sempre justificam os meios

Logo nos primeiros minutos de “A Hora Mais Escura” (“Zero Dark Thirty”), a agente da CIA Maya (Jessica Chastain) testemunha a tortura de um suspeito de participar da Al-Qaeda, grupo liderado pelo milionário e terrorista Osama Bin Laden. O objetivo é descobrir o paradeiro daquele que ordenou o ataque aos EUA, que culminou com o choque de dois aviões contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, no dia 11 de setembro de 2001.

A princípio relutante, Maya começa a entender, com o passar de outras sessões, que somente daquela maneira é que as investigações sobre onde Bin Laden está escondido vão ter algum progresso.

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O curioso dessas cenas no filme é que, ao contrário do que os fãs do politicamente correto esperam, Maya não se  arrepende das torturas empregadas pelos agentes. E isso é um fato interessante que a diretora Kathryn Bigelow e seu roteirista, Mark Boal (Guerra ao Terror), querem mostrar: a de que os membros da CIA, geralmente mostrados como símbolos vivos da verdade e justiça do mundo, não são santos. Isso talvez explique a polêmica que gerou quando a produção foi exibida nos Estados Unidos. Além disso, a cineasta mostra que há um certo cinismo do governo americano, numa sequência onde a protagonista assiste a uma entrevista do presidente Barack Obama negando que haja tortura de prisioneiros durante o seu mandato.

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Depois de várias pistas falsas e alguns atentados (num deles, morre uma colega de trabalho), Maya passa a se dedicar integralmente à caça de Bin Laden e seus aliados, durante mais de uma década. Ela tem que lidar com vários empecilhos, a burocracia das autoridades e até o descaso de seus colegas, até provar que estava no caminho certo de encontrar o terrorista. Somente muito tempo depois, ela consegue o apoio de seus chefes (um deles, vivido por James Gandolfini, mais famoso pela série “Família Soprano”) e participa da operação para pegá-lo, embora fique em seu escritório quando os soldados partem para o ataque.

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O filme foi criado para mostrar que as investigações para pegar Osama Bin Laden foram ineficazes, num primeiro momento. Mas tudo mudou quando anunciaram que o terrorista foi encontrado no Paquistão, dentro de uma casa, e foi morto pelos militares americanos. Os 30 minutos finais de “A Hora Mais Escura” se concentram na ação dos soldados, que são os mais tensos da trama. A diretora se mostra muito eficiente na construção destas cenas, mesmo que sejam mal iluminadas (a operação se passa durante a noite).

Mas o filme tem um problema: é longo demais e se prende numa linguagem muito técnica, dificultando o entendimento do que acontece na tela. Se algumas cenas fossem cortadas, talvez conseguisse prender mais a atenção do expectador.

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Jessica Chastain, uma das atrizes do momento nos Estados Unidos, tem uma boa performance como Maya. Ela se mostra uma mulher durona, mas sem parecer que não é feminina, o que é um mérito, já que ela poderia cair no clichê fácil deste tipo de papel. Ela se destaca mais ainda porque o resto do elenco não tem grandes interpretações. Já a diretora Kathryn Bigelow faz o possível para que todos acreditem que todo o processo para matar Bin Laden foi exatamente do jeito que ela filmou. Mas fica pouco crível, por exemplo, a cena em que um dos helicópteros da operação caiu no quintal da casa onde estava o terrorista e ninguém percebeu o barulho que o acidente causou.

Mesmo assim, “A Hora Mais Escura” é um filme acima da média e merece ser conferido.

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