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“Amores Imaginários” tem a vitalidade e controvérsia dos 20 e poucos anos

O canadense Xavier Dolan é um talento inquestionável. Surgiu no radar cinematográfico aos 19 aninhos com o vigoroso Eu Matei Minha Mãe (que roteirizou aos 16) demonstrando um talento promissor ao conjugar memória afetiva e universalidade interpessoal, numa história tão bem sustentada como estilizada.

Claro que as atenções para seu trabalho seguinte seriam redobradas e, se não causa o impacto do primeiro filme, assegura o domínio precoce do ofício. Amores Imaginários acaba sendo uma boa prova de seu tino e sensibilidade, e até uma originalidade (para além de guetos sexuais) na visão e ilustração das relações amorosas, que no filme se apresentam bem melhor como humanas.

A trama acompanha a paixão platônica de Marie (Monia Chokri) e de seu melhor amigo gay, Francis (Dolan, mais uma vez atuando bem em seus próprios filmes ), pelo mesmo cara, Nicolas, vivido por Niels Schneider, que inicia uma amizade com os dois e, no decorrer, mostra-se tão enigmático quanto sedutor. Sem qualquer pista da orientação sexual de Nicolas, que contribui bastante para esse enigma sexual, os amigos passam a disputar, ainda que mais instintivamente, o rapaz. A trama é entrecortada por relatos amorosos, com um viés de documentário passional.

O grande mérito (incontestável) de Amores Imaginários é a sina de Dolan em suscitar um libelo romântico de forma bem original e decalcada de padrões preestabelecidos em narrativas que versam sobre triângulos amorosos. Roteiro e direção estão alinhados nessa radiografia pela lente do melodrama – não é a toa que a clássica Bang Bang na voz da cantora italiana Dalila vai percorrendo a maioria das cenas – e isso traz consigo uma interessante quebra entre a universo penoso das paixões platônicas com a complexidade humana da situação intersexual, cada vez mais comum hoje.

Nessa tal sina, por vezes, o diretor cai na cilada dos excessos, principalmente quando tenta desviar do lugar comum para impor o seu estilo. E isso fica claro a partir da primeira hora de filme. Se sintetizasse melhor o universo que estimulou, a produção seria brilhante. Ao mesmo tempo há a necessidade estética dessas tentativas (as incursões visuais pop são um deleite para os olhos), ou seja, talvez para um cineasta em seu segundo filme, o resultado, mesmo necessitando aparar as arestas, é acima da média.

Em 2012, Xavier lançará seu novo filme e, com certeza, esse burilamento vai ser posto em prática, afinal, sensibilidade e expertise o tempo está lhe dando.

[xrr rating=3.5/5]
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