Quando a HBO lançou, em outubro, sua leva de lançamentos da Fall Season (que representa o período de lançamentos dos canais americanos em geral). Além das atenções voltadas para o “sucessor de Game of Thrones“, o realmente bom Westworld, muito se falou da volta de Sarah Jessica Parker, em Divorce, o que se revelou uma decepção, até para os termos da emissora.
Dentre essas estreias, a grande surpresa veio com Insecure, que não teve a mesma máquina de divulgação das outras, mas se revelou uma ótima dramédia, oxigenando o cardápio apresentado. Trata-se de uma adaptação de uma websérie (The Misadventures of Awkward Black Girl) criada e estrelada por Issa Rae.
A própria atriz adaptou e estrela a atração, como uma jovem que enfrenta racismo e outros problemas da vida real, em meio as seus encontros com as amigas e seu namoro desmotivado. Poderíamos classificar a série como um Girls, só que com mulheres negras em seus universos. Issa resolveu criar uma história que refletisse o cotidiano social e emocional que ela vivia e não via representada na tela. Daí, após o burburinho na internet, alcançou ampla dimensão nessa produção da HBO.
Nem tanto ao glamour estilizado de Sex and the City, nem ao desglamour cool da obra de Lena Dunham, Insecure é uma crônica banhada de propriedade e boa dose de ironia ao lidar com as percepções de Issa. Se por um lado é contundente ao trazer uma espécie de prisma negro às questões universais que suscita, por outro, não se restringe a discursos dramatúrgicos, estabelecendo um jogo de extremos entre a relação de Issa com sua amiga Molly (a divertida Yvonne Orji) na visão sobre relacionamentos.
Ou seja, uma dramédia normal, bem feita e com diálogos inspirados, para além das etnias de suas personagens. Nisso, a série tem ainda mais valor, pois faz de seu protagonismo um elemento para sua boa premissa. Já renovada para uma segunda temporada, Insecure consegue ser carismática e profunda na despretensão de sua natureza (e de sua criadora e protagonista).