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“Criaturas do Senhor” é drama competente sobre escolhas complexas

Os cinéfilos do mundo todo têm um novo queridinho e seu nome é Paul Mescal. Sua performance ao mesmo tempo contida e avassaladora em “Aftersun” lhe garantiu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator em 2023, consagrando o ator de apenas 27 anos de idade. Agora, mais uma vez Paul mostra o seu talento, mesmo enquanto coadjuvante, no drama Criaturas do Senhor.

A volta de Brian O’Hara (Mescal) para a comunidade de pescadores em que ele nasceu e cresceu na Irlanda mexe com todos à sua volta. Seu objetivo é cultivar ostras, mas ele acaba se envolvendo com pesca clandestina. Ele tem assuntos a resolver com o pai, Con (Declan Conlon), mas é o reencontro com Sarah (Aisling Franciosi) que mais mexe com Brian.

Um dia, fungos são encontrados nas ostras e Brian tem de parar de recolhê-las até segunda ordem. Empurrado novamente para a clandestinidade, a situação de Brian só piora quando ele se torna suspeito de estuprar Sarah. Aileen (Emily Watson), mãe de Brian, fará de tudo para que o filho não vá para atrás das grades, incluindo em seu rol de subterfúgios construir um álibi para o filho e mentir no tribunal.

Criaturas do Senhor

Muitas cenas são ambientadas na fábrica de frutos do mar onde Aileen e Sarah trabalham separando peixes e ostras. Outras tantas cenas ocorrem na casa de Aileen e Con, por onde também passa a filha deles, Erin (Toni O’Rourke), que está totalmente do lado de Sarah no caso de estupro. A lista de habitantes da casa se completa com Paddy (Lalor Roddy), ex-fazendeiro de ostras que se encontra doente na casa de seus parentes.

Como alguém que não sabemos se é um lobo em pele de cordeiro ou uma vítima das circunstâncias, Paul Mescal está muito bem. Mas é Emily Watson que brilha, sendo a verdadeira protagonista do filme e tomando decisões extremamente complexas não apenas para uma mãe, mas para qualquer ser humano.

O relacionamento abusivo que Sarah vivia no começo do filme poderia ter sido melhor explorado, mas é deixado de lado quando ela abandona o fazendeiro de ostras corrupto Francie (Brendan McCormack). Um maior foco nesse relacionamento adicionaria camadas à personagem de Sarah, tornando seu estupro muito mais que um recurso narrativo: uma tragédia como ele realmente é.

Criaturas do Senhor

Paul Mescal revelou em entrevista que buscou encontrar o que de mais humano havia em seu personagem, mesmo que à primeira vista isso parecesse uma missão impossível: “É a parte mais assustadora: encontrar nuances em alguém que age como ele. Para mim, Brian pensa que sua vida não está saindo como deve, o que traz uma sensação de poder fazer o que quiser, mesmo que seja algo perigoso.”

Mescal colheu elogios não apenas dos críticos, mas também de seus colegas de elenco. Emily Watson não poupou elogios: “Foi brilhante a escolha dele para o papel, porque nada em Paul indica que é uma pessoa sombria e difícil. Ele surpreende as pessoas.”

As diretoras Anna Rose Holmer e Saela Davis serviram também como produtoras executivas. O roteiro ficou por conta de Fodhla Cronin O’Reilly e Shane Crowley, sendo Fodhla também produtora – e a mente que começou tudo, pois ela mesma vem de uma comunidade de pescadores e queria contar uma história sobre suas raízes, mas também sobre gênero e mulheres silenciadas. Essa participação compartilhada em diversas funções permitiu que o filme fosse hermético, com grau moderado de suspense. Descrito no IMDb como “épico tenso e arrebatadoramente emocional”, Criaturas do Senhor não chega a tanto, mas nos mantém grudados na tela.   

Distribuído pela A24, Criaturas do Senhor concorreu em cinco categorias no British Independent Film Awards e vem arrancando elogios da crítica especializada. Não é para menos: é um drama competente, um “slow burner” que vale a pena ser visto pelas atuações e pelas questões éticas que levanta.

Criaturas do Senhor

Criaturas do Senhor
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Nota: Ótimo 7/10 Estrelas
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