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“Dicionário Cardiopoético” estabelece livre associações do órgão coração com a afetividade humana

Imagina um personagem que perguntasse a um crítico qual é sua cor?

Nem pensasse na favorita, apenas qual é sua cor? O crítico acostumado com palavras que ele coleciona ao escrever textos, ficasse sem ter o estímulo da resposta. É tanta imagem dentro desta palavrinha. O arco-íris responderia à sua pergunta? Coragem, ele logo responderia. Lembrando que ele trata em seus textos: de personagem.

A linguagem é uma ramificação para todo lado, é certo que ele não ia se lembrar do que bate no peito dele, pois esqueceu que tem um! De tanto escrever! Pois este crítico não anda bem das analogias, ou metáforas. Esqueceu do coração! E logo dos poetas, este órgão propulsor de tantas imagens esplêndidas!

Mas não ralhemos com o crítico, basta um dicionário ali bem perto para ter uma ideia. Apenas o começo, e saindo ou ficando nos verbetes, a poeta Mary Prieto tem um projeto para este coração que amor-tece ou fia como fio longo que alinha: tenho o tema, só me falta (poemas).

Mary Prieto passou batida pela pergunta ao crítico, e costurou quase um corpo-poético com tal tema, com poemas curtos e extremamente imagéticos falando da relação, diria, com forte acento filosófico, sobre como este órgão é uma válvula aberta à experimentações tanto poéticas como linguagem. Com um cuidado que é parente do zelo. Com aquele cuidado afetivo com gente e coisas, a poeta monta duas partes de seu Dicionário Cardiopoético, notas sobre o pulsar dos dias pela Editora Patuá. A primeira onde ela  relaciona e identifica o músculo com suas potencialidades, indo do liame do amor e do afeto; estabelecendo através de uma métrica rigorosa cheia de musicalidade relações de alteridade do coração com o entorno.

A segunda parte, as relações, crescem, e adquirem caráter mais classificatório elevando mais correlações entre o órgão e o viver ou existência. O ato de amor e doação ganham na pena da poeta alcances sutis nas metaforizações. Tal labor feito por uma entidade já tão falada e declamada poderia soar piegas e com muitos cliches solto no corpo do poema, mas Mary, num jogo de matizes cor & textura, vai desfi(L)ando fios insuspeitos para este coração poeta.

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