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Enola Holmes diverte com pequeno mistério e protagonista carismática

De trás para frente, o nome bastante original “Enola” soletra a palavra “alone”, que significa “sozinho” em inglês. A protagonista homônima de Enola Holmes, filme da Netflix, está sozinha no mundo, apesar de ter um irmão para lá de ilustre. Assim como Sherlock, Enola precisa desvendar alguns mistérios que, apesar de não muito surpreendentes, dão origem a um filme leve e charmoso.

Enola Holmes (Millie Bobby Brown) é a irmã mais nova do famoso detetive Sherlock (Henry Cavill) e do funcionário público Mycroft (Sam Claflin). Por ser muito jovem quando o pai faleceu, ela foi criada pela mãe, Eudoria (Helena Bonham Carter), que lhe ensinou a ser questionadora e independente. No décimo sexto aniversário de Enola, sua mãe some e seus irmãos voltam para casa após anos de ausência.

Mycroft, agora com a guarda da irmã, quer colocá-la em um colégio interno para que ela perca os maus hábitos adquiridos. Sherlock discorda dessa decisão, mas não faz muita coisa, mais preocupado com o desaparecimento da mãe. Do presente de aniversário deixado pela mãe, Enola tira pistas para trilhar um caminho de liberdade, no qual ela cruzará com um nobre fugitivo detentor de dois títulos: o Lorde Tewksbury e Marquês de Basilwether (Louis Partridge), que se recusa a ir para o exército, como sua família deseja.

Assim como seu irmão do meio, Enola Holmes é observadora, perspicaz e está sempre disposta a solucionar mistérios. Mas ela enfrenta desafios que seus irmãos não enfrentam, e tem em Mycroft um antagonista à altura: homem conservador de seu tempo, o mais velho dos irmãos quer fazer de Enola uma dama, não uma jovem detetive. Sherlock, por outro lado, é mais afável com ela, mas ainda há momentos em que nos perguntamos se esta história só poderia ser contada com a presença do famoso detetive ou se ele é apenas um chamariz.

Sherlock Holmes, desde 2012, detém o recorde de personagem humano com maior número de encarnações no cinema e na televisão, e este número só cresce. Popular desde sua gênese literária nas mãos de Conan Doyle, Sherlock verdadeiramente gerou diversos fenômenos culturais – por exemplo, ele foi o primeiro personagem a ser assunto de fan fictions, e quando Conan Doyle decidiu se livrar do personagem houve uma mobilização imensa do público. As histórias originais ainda não são uma fonte esgotada de inspiração, mas nada mais natural que sejam hoje as fan fictions e releituras que não só mantêm o personagem vivo, mas também o interesse por ele constante através de gerações.

O filme é baseado na série de livros “The Enola Holmes Mysteries”, escritos por Nancy Springer, mais especificamente no primeiro livro da série de seis obras, o que acena para uma possibilidade de sequência para o filme. Curiosamente, antes da estreia do filme, os herdeiros do autor Arthur Conan Doyle processaram Nancy Springer, a Netflix, o diretor e o roteirista do filme por mostrar um Sherlock Holmes muito empático, o que iria contra as histórias originais, que não estão ainda em domínio público. O caso ainda não foi julgado e, ao contrário do esperado, não afetou a estreia de Enola Holmes.

Como qualquer produção de época com alguns milhões de dólares de orçamento, Enola Holmes tem excelentes cenários e figurinos, além de escolhas de edição interessantes em breves momentos quando o filme é projetado de trás para frente, e o uso de mensagens cifradas também merece elogios.

Muito notável é a quebra da quarta parede, com Enola se dirigindo ao público em diversas ocasiões para narrações, reflexões e mesmo para questionar o espectador. Estas quebras podem ser explicadas como escolha do diretor Harry Bradbeer, que também dirigiu 11 dos 12 episódios da premiada série Fleabag, na qual o recurso é muito utilizado.

Há em Enola Holmes uma subtrama que se assemelha muito à de “The Abominable Bride”, episódio especial de época da série Sherlock da BBC. Nancy Springer, autora dos livros, sempre gostou de Sherlock Holmes mas sentia falta de uma figura feminina de destaque nas histórias, que não fosse vítima ou suspeita, por isso criou Enola.

Enola Holmes não pretende ser um filme cheio de plot twists e truques mentais impressionantes. Sua força reside no carisma de Millie Bobby Brown, mesmo carisma que, segundo Henry Cavill, torna as quebras da quarta parede divertidas e não maçantes. É graças a Millie que Enola se torna uma personagem muito mais simpática que seus irmãos e por isso torcemos por ela, podendo até nos identificarmos com ela vez ou outra. Se haverá ou não mais aventuras de Enola Brown, ainda não sabemos, mas podemos dizer que este filme é uma diversão despretensiosa para relaxar e aproveitar uma tarde ou noite de folga.

Nota: Muito Bom (3.5 de 5 estrelas)

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