“Frampton Comes Alive!” Os 40 anos do disco ao vivo mais vendido da História

Primeira metade dos anos 1970: uma era em que os gigantes caminhavam sobre a Terra, com uma cena rock internacional representada por Led Zeppelin, Deep Purple, Black Sabbath, Pink Floyd, Genesis. Nesse período em que a indústria fonográfica se encaminhava para ganhar um poderio jamais visto (e nunca mais repetido) tudo era superlativo quando se tratava de rock. Foi em meio a esse cenário que ganhou projeção um rapaz franzino, nascido em Beckenham, Inglaterra, em 22 de abril de 1950 com nome de batismo Peter Kenneth Frampton.

Trazia consigo uma guitarra que era empunhada e tocada cheia de influências das três maiores referências do instrumento na época: Jeff Beck, Eric Clapton e Jimmy Hendrix. Em 1966, Peter Frampton largou a escola e foi fundar uma banda de rock, o The Herd. Três anos depois deixou o grupo para integrar o Humble Pie, projeto de Steve Marriott posterior a sua saída do posto de frontman do Small Faces.

Após colaborar com George Harrison no álbum “All Things Must Pass”, lançou-se em carreira solo, gravando quatro discos em sequência: “Wind Of Change”, de 1972, “Frampton’s Camel” de 1973, “Frampton” e “Somethin’s Happenin'”, ambos de 1974. No ano seguinte, Frampton saiu em uma vitoriosa turnê pela América, que rendeu o registro “Frampton Comes Alive!”. Lançado em 6 de janeiro de 1976 nos Estados Unidos e em 13 de fevereiro na Grã Bretanha, o vinil duplo se tornou o álbum ao vivo mais vendido de todos os tempos.

Originalmente seria posto no mercado no formato simples, porém, por sugestão da gravadora A&M Records, foram gravados mais alguns shows além das apresentações de Winterland, em São Francisco, Long Island Arena em Commack, Nova York e Plattsburg, no mesmo estado. Com isso, foi lançado em vinil duplo. Um fator que impulsionou as vendas foi o preço. Apesar de duplo, era vendido a $7,98, apenas $1 a mais do que o preço de um vinil simples nos EUA naquela época. Foram 6 milhões de cópias vendidas por lá e 11 milhões ao redor do mundo.

Peter Frampton, right and Stanley Shelton, left perform at the Honolulu International Center Arena in 1976. The Honolulu International Center (HIC) has now been re-named the Neil S. Blaisdell Arena. ©PF Bentley/PFPIX.com
Peter Frampton e o baixista Stanley Shelton no Honolulu International Center Arena (atual Neil S. Blaisdell Arena)  em 1976.©PF Bentley/PFPIX.com

Quando se pensa em “Frampton Comes Alive!” as primeiras músicas que vêm à cabeça são ‘Show Me The Way’ e seu icônico talk box (dispositivo utilizado para dar um efeito similar a voz em instrumentos musicais, geralmente guitarras) e ‘Baby, I Love Your Way’. Mas não se pode esquecer da pomposa introdução com ‘Something Hapennin’’, seguida do petardo ‘Doobie Wah’, que dá a deixa para ‘Show Me…’. O set acústico onde se insere ‘Baby…’ também merece destaque, que traz ‘All I Want To Be (Is By Your Side)’ e ‘Wind Of Change’.

Shine On é outro momento inspirado, mas a maior pérola do álbum é a matadora versão ao vivo do cover de ‘Jumping Jack Flash’ dos Stones, quase tão boa quanto a original. O registro se encerra com ‘Do You Feel Like We Do’ com seus 14 minutos e 18. Afinal eram os anos 70 e as músicas que já eram quilométricas ficavam ainda mais extensas ao vivo, vide os shows do Led Zeppelin. E a versão lançada em single, apesar de reduzida quase pela metade continuou bastante extensa. Era o dobro da duração comum de um single e foi a música mais longa a configurar no top 40.

“Frampton Comes Alive!” é a antonomásia do chamado rock de arena e levava à enésima potência a pompa e grandiloquência carcterísticas do período. A capa do disco – com Frampton em close empunhando sua guitarra com suas longas madeixas, iluminadas pelos holofotes ao fundo e olhar chapado como se estivesse em transe – é considerada tanto para fãs quanto para detratores a mais perfeita ilustração daquilo que estava prestes a ser estilhaçado pelo movimento punk, que mudaria os paradigmas dali a alguns meses.

frampton3Magistral para uns, kistch e datado para outros, “Frampton Comes Alive!”não passa incólume devido a seu apuro técnico tanto da gravação (foi gravado em 24 e 16 canais, com fitas máster gravadas com redutor de ruídos Dolby A) quanto da performance de Frampton e da banda formada por Bob Mayo (guitarra, piano, piano elétrico, órgão, vocais), Stanley Sheldon (baixo e vocais) e John Siomos (bateria).

Depois desse disco, Frampton nunca mais repetiu o mesmo sucesso. O álbum até ganhou uma “continuação” em 1995, “Frampton Comes Alive II”, mas não passou nem perto das vendagens e reconhecimento do original. Em 2011 foi realizada uma turnê comemorativa dos 35 anos do disco. Apesar da qualidade dos álbuns de estúdio anteriores, e até alguns posteriores, Peter Frampton ficou para sempre lembrado pela marca indelével deixada por este registro ao vivo.

Total
0
Links
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ant
Novo “Caçadores de Emoção” não empolga tanto quanto o original
Novo "Caçadores de Emoção" não empolga tanto quanto o original – Ambrosia

Novo “Caçadores de Emoção” não empolga tanto quanto o original

Lançado em 1991, “Caçadores de Emoção” chamou a atenção,

Prox
Nostalgia dá o tom da volta de “Arquivo X”
Nostalgia dá o tom da volta de "Arquivo X" – Ambrosia

Nostalgia dá o tom da volta de “Arquivo X”

Ninguém tinha a menor dúvida que o retorno de “Arquivo X” à TV,

Sugestões para você: