Judas Priest e Alice In Chains mobilizam os devotos do som pesado no Rio

Domingo de sol no Rio de Janeiro e de metal no Km de Vantagens Hall, na Barra da Tijuca. A casa originalmente chamada de Metropolitan abrigou as atrações do festival Solid Rock 2018, que aconteceu em São Paulo no dia anterior. Embora sem o nome do festival no letreiro, os cariocas puderam conferir Black Star Riders, Alice In Chains e Judas Priest.
O publico parecia estar em meio a meio fãs da banda de Seattle e devotos da banda britânica, última atração da noite. Não se pode falar em headliner pois a política do Solid Rock é que as duas bandas fazem seu show completo tendo a primeira da noite como “convidada especial”. Havia sido assim ano passado com Tesla, Cheap Trick (em substituição a Lynyrd Synyrd) e Deep Purple.

Black Star Riders fogem do tributo a Thin Lizzy e apostam em seu próprio poder de fogo

O Black Star Riders é uma banda consideravelmente recente, mas formada por músicos veteranos, mas. Começou nos EUA em 2012, quando membros da mais recente formação do Thin Lizzy decidiram gravar um novo material, mas optaram por divulgá-lo sob um outro nome. A coisa evoluiu a ponto de se tornar um projeto de tempo integral, enquanto o Thin Lizzy continua apenas ocasionalmente.
Em um set de 10 músicas iniciado pontualmente às 19 horas, fizeram um trabalho eficiente de aquecer o público que ainda chegava. O pouco conhecimento por parte da plateia não intimidou os rapazes. Músicas do novo disco, Heavy Fire, de 2017, foram bem recebidas. E claro que clássicos do TL apareceram no repertório, apesar de não terem sido usados como muletas. Mas apenas dois. Em shows completos devem rolar mais alguns. Atacaram de ‘Jailbreak’ e ‘The Boys are Back In Town’, que, apesar da importância na história do rock, não são muito conhecidas por aqui.
Certamente o BSR saiu do Rio com novos fãs.

Alice In Chains se consolida com substituto de Layne Staley

Judas Priest e Alice In Chains mobilizam os devotos do som pesado no Rio – Ambrosia
Quando as bandas de Seattle ganharam projeção mundial, a imprensa musical da época rotulou tudo que se fazia na cidade como Grunge. Só que a sonoridade das bandas era bastante plural. O Alice In Chains, não tinha nada a ver com Nirvana, por exemplo (que não tinha nada a ver com Pearl Jam). Seguia um estilo mais próximo do heavy metal. Mas na época eram colocados na mesma categoria.
A participação da banda no Solid Rock vem na esteira do último álbum, o (muito bom) “Rainier Fog”, lançado em agosto. O repertório, como era de se esperar, ficou mais concentrado nos clássicos, mas houve espaço para músicas novas (apenas duas: ‘Never Fade’ e ‘The One You Know’) e outras da retomada da banda com o vocalista, inclusive em maior número que as do novo trabalho.
Do álbum “Black Gives Way to the Blue”, de 2009 estava ‘Check My Brain’, que abriu o show, e de “The Devil Put Dinossaurs Here”, de 2013, ‘Hollow’ e ‘Stone’. Mas é claro que o que o público queria mesmo eram os hinos da primeira fase, ainda com o falecido Layne Staley.
O show serviu para consolidar para o público brasileiro o vocalista William DuVall como frontman. Pela terceira vez no Barsil, ele já convenceu os fãs de que é digno do posto que fora de Staley. Tem uma voz que se adequa às músicas do grupo, presença de palco e já há uma boa química desenvolvida com os companheiros capitaneados pelos fundadores Jerry Cantrell e Sean Kinnell. Ele continua mostrando plena desenvoltura nos petardos ‘Them Bones’, ‘Man in the Box’, ‘Would?’ e ‘No Excuses’. Aquela sensação que muitos temiam, de se estar assistindo a um cover, não existe com a nova formação. Renovada, a banda de Seattle segue relevante na cena rock.

Judas Priest e seu metal para as massas

Judas Priest e Alice In Chains mobilizam os devotos do som pesado no Rio – Ambrosia
O Judas Priest pertence ao mesmo movimento do Iron Maiden, a New Wave of British Metal. Eram bandas britânicas influenciadas por Black Sabbath e Deep Purple que vinham fazer barulho em meio à onda punk. Apesar de não ter a mesma popularidade dos contemporâneos aqui no Brasil, o Judas tem um amplo séquito fiel de seguidores (em São Paulo o show precisou ser no Allianz Park para dar conta).
Assim como o Alice In Chains, a banda também veio com a turnê de divulgação de um bom novo trabalho, “Firepower”, lançado em fevereiro. A relação do Judas com o Brasil é antiga. A primeira vez que a banda esteve por aqui foi no Rock In Rio II, em 1991. Na ocasião, a banda divulgava o álbum “Painkiller”. Logo em seguida, o vocalista Rob Halford deixou o grupo, mas veio ao país com sua banda Fight e posteriormente com sua carreira solo.
Às às 22 horas, após War Pigs’ do Sabbath ecoar no sistema de som, o JP subiu ao palco com a faixa título do novo trabalho. É tradição no heavy metal clássico jogar para a torcida, e o quinteto de Birmigham assim o fez, dando na medida o que o povo queria: quatro músicas novas e 14 clássicos privilegiando a fase áurea (final dos anos 70 até 1990), além de um cover do Fleetwood Mac, ‘The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)’. Como o último trabalho teve boa recepção – assim como os dois anteriores – faixas como ‘Lightning Strike’ e ‘No Surrender’ foram acompanhadas com entusiasmo pelos fãs mais fiéis e co atenção pelos seguidores mais casuais.
A última de “Firepower” na noite, ‘Rising From Ruins’, terminou com Ralford empunhando um sabre de luz do Kylo Ren da atual trilogia Star Wars.
Os maiores hinos da banda se concentraram mais a partir metade da apresentação. ‘Freewill Burning’ trouxe homenagem a Ayrton Senna, com imagens de corridas do piloto brasileiro no telão (e era dia de GP de Interlagos). Em ‘Hell Bent for Leather’, Ralford fez sua tradicional entrada no palco pilotando uma Harley Davidson. ‘Painkiller’ teve seu refrão cantado (ou melhor, gritado) a plenos pulmões pelos fãs.
O bis foi iniciado com ‘Eletric Eye’, do álbum “Screaming for Vengeance” de 1982. ‘Breaking the Law’ foi o momento de catarse metaleira e ‘Living After Midnight’ encerrou a noite de peso. É impressionante (e animador) observar a disposição de Ralford, em muito melhor forma do que da última visita, em 2011 – em 2013 precisou fazer uma cirurgia de hérnia.
Aos 67 anos, ainda consegue emitir os agudos que o tornaram famoso. Ele continua bem amparado pelo baterista Scott Travis (na banda desde 1989) e o fundador Ian Hill no baixo. Richie Faulkner (no Judas desde 2011) e Andy Sneap , que substitui Glenn Tipton (diagnosticado com Mal de Parkinson) fazem um eficiente trabalho nas guitarras.
Ao final da apresentação, quando o sistema de som tocava ‘We Are the Champions’ do Queen, no telão se lia “Judas Priest Will Be Back”. O exército de fãs brasileiros não vê a hora.

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