Melhor filme nacional de 2011, “As Canções” é universal e comovente

Eduardo Coutinho nunca fez um documentário ruim. Seus trabalhos sempre se dividem entre o bom e o fantástico. Em seu mais novo filme, As Canções, ele é sensacional ao conseguir expurgar de seus “personagens” histórias comoventes, que se alinham com a força do cancioneiro pessoal do que é dito, digerido e passado na tela.

É no mínimo, impressionante que Coutinho tenha essa linearidade de bons serviços prestados ao gênero. Quem já teve o prazer de assistir Babilônia 2000, Santo Forte ou sua obra-prima Jogo de Cena, entende do que estou falando. O diretor sabe – com certa crueza e delicadeza – extrair aquilo que de mais iconoclasta um indivíduo tem para dizer. É engraçado que, mesmo de frente a uma câmera, as pessoas se desmontam de preceitos e estigmas para expor sentimentos, muitas vezes dolorosos e pessoais.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=XxckBHKLluU[/youtube]

As Canções aqui são utilizadas como dispositivos de lembranças que definem as histórias de vida daqueles entrevistados. E é engraçado como, olhando num todo, os relatos vão delineando personalidades, diferenças sociais, percepções singular, mas no fundo, todos se igualam nos anseios que a vida muitas vezes não preenchem, seja pela dor ou apenas por próprios princípios pessoais.

É um trabalho complicadíssimo que, não fosse orquestrado pela destreza de Coutinho, poderia cair num sensacionalismo travestido de retrato sócio-comportamental. Mas neste caso, o que existe é uma extrema, sim extrema assimilação com aquelas histórias, aqueles sentimentos e a noção de que a relação emocional entre a música e o que vivemos alheio a ela é universal. Com ou sem uma câmera de frente…

[xrr rating=5/5]

 

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