Nação Zumbi convida à porrada dos estouros cândidos em show no Circo Voador

Na última sexta feira, dia 24, Nação Zumbi tocou no Circo, matando a vontade de muita gente, equalizando a plateia de todas as idades em impulsos de troca exacerbada físicas, vocais e energéticas.

A banda, já de 20 anos, composta hoje por 5 na percussão, um no baixo, um na guitarra e outro no vocal, mostra já em sua formação para quê veio ao mundo: para fazer tremer o chão, para ritmar o corpo, para movimentar quase que sem intenção. As cadências da base e das batidas são acompanhadas pelo virtuosismo da elétrica guitarra de Lucio Maia e pela voz grave de veludo de Jorge du Peixe.

Nação Zumbi Circo Voador

Em um show extremamente generoso com as demandas dos fãs saudosos, a banda tocou músicas do disco novo (Cicatriz, Um Sonho), do homônimo Nação Zumbi (Blunt of Judah, Meu Maracatu pesa uma tonelada), de Fome de Tudo (No Olimpo, Fome de Tudo e Inferno), de Futura (Hoje, depois e amanhã) e da gloriosa era de Chico Science (Da Lama ao Caos, Manguetown). Algumas pouco tocadas em shows, que surpreenderam e empolgaram o público, foram O Cidadão do Mundo e Banditismo por uma questão de classe, música essa de maturidade notável e elevada relevância atual.

Sem falar quase nada entre as músicas, a não ser para ressaltar o carinho que sentem do público sempre que vêm ao Rio de Janeiro, o código era canção seguida de breve pausa de respiro ansioso pelo próximo esporro.

Talvez por uma preocupação estrutural ou por coincidência, alguns elementos musicais estavam em volume mais baixo do que se espera de uma invasão pela Nação Zumbi. Baixo e guitarra foram um pouco engolidos pela percussão e tudo ficou abaixo das vozes da multidão. Fez falta ver espelhado em cima do palco o nível exacerbado da empolgação e da força vocal das veias pulsantes nos pescoços de quem estava pulando e gritando abaixo do palco. O clima de rock pesado parece estar sendo substituído por algo mais leve. As luzes ofuscantes e trepidantes, os devaneios improvisados e os rasgos de voz deram lugar a algo mais comedido, comportado até. Pequena crítica a se fazer para que nos próximos shows todos os sons estejam melhor equalizados de modo a se fazer sentir cada acorde e batida nos arrepios da reverberação nos ossos.

 

Depois de quase uma hora e meia de show eles se despedem e voltam para um Bis de altíssimo nível. Ao ouvirem os gritos desesperados dos fãs reagindo ao comunicado de mais duas músicas, Jorge do Peixe retruca, “três então, ok?”, ao que na realidade entregam quatro, mais porradas, mais contundentes e mais sanguíneas versões de “Fome de Tudo”, “Maracatu Atômico”, “A Praieira” e “Quando a Maré Encher”.

No fim, com a voz rouca e o corpo quebrado, o sentimento geral é: que venham mais e mais estrondosos shows da Nação Zumbi.

 

 

 

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