Sonho dos Perpétuos

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Sonho dos Perpétuos

Este sim é um verdadeiro enigma.

Neste aspecto (e nós percebemos somente detalhes dos Perpétuos, como enxergamos a luz através da minúscula faceta de uma enorme e impecável mente lapidada pedra preciosa), ele é magro e esguio, com pele
tão pálida quanto a neve que cai.

Sonho acumula nomes para si da mesma forma que outros fazem amigos. Mas pouquíssimos são os que recebem tal título.

Se existe alguém mais intimo dele, esse alguém é sua irmã mais velha, Morte, a quem, mesmo assim, vê muito raramente.

De todos os Perpétuos, exceto Destino (quem sabe?), ele é o mais consciente e meticuloso na execução de suas responsabilidades.

Quando a conveniência se faz necessária, Sonho projeta uma sombra humana. ”
(Sandman #21)

drea053Sonho, Morpheus, Sandman, Lorde Moldador, Lorde L’Zoril, Kai’ckul, Oneiros, Murphy, Senhor do Sonhar, Rei dos Sonhos, Gato dos Sonhos, O Moldador das Formas, Rei do Reino das Charadas, Príncipe das Histórias, Lorde do Mundo dos Adormecidos, Vossa Escuridão, Rei dos Pesadelos, Sultão do Dormir, Monarca das Marchas Adormecidas… De fato Sonho acumula muitos nomes para si. Ele é o Perpétuo que melhor conhecemos, tanto para bem quanto para o mal. Infelizmente, muito do que havia para ser debatido e discutido em cima de sua personalidade e as mudanças que ele sofreu, eu acabei deixando para o tópico “refletindo sobre Sandman“, onde basicamente eu faço um apanhado de tudo o que ocorreu com Morpheus. Portanto, sigam o link para ler a “primeira metade” deste post.

Ainda sim, me restam falar algumas coisas, principalmente o que concerne a origem e as influências do personagem. Segundo Gaiman, sua personalidade simplesmente se desenvolveu desta forma, surgindo de maneira bastante natural na redação do script, o que faz com que o autor se sinta incapaz de apontar alguma influência maior. Ainda que o seu modo de falar tenha se inspirado no do Vingador Fantasma (Phantom Stranger), quando era escrito por Len Wein e Jim Aparo.

drea012Dentro do campo mitológico temos bem mais coisas para falar. Para começar pelo nome mais utilizado por Sonho, Morpheus. Na mitologia grega, existia um grupo de deuses, às vezes referidos como os Oneiroi (oníricos), filhos /servos (segundo Ovídio) ou irmãos (Hesíodo) de Hipno (Sono). Eles viviam no limiar do mundo, em uma caverna que nunca era tocada pelo Sol. Morpheus era o principal responsável pelos sonhos, ele possuía a habilidade de se transformar em qualquer outro ser humano, Phobetor (Iceluz para os imortais) encarnava todas as feras e animais, e por fim Phantasos simulava todos os objetos da existência. É a partir do trabalho destes três que todos sonhamos. O melhor texto produzido sobre Morpheus (o mais importante dos Oneiroi) na antiguidade foram as Metamorfoses de Ovídio, que você pode encontrar aqui.

A outra coisa interessante é que havia duas entradas para a morada dos Oneiroi, dois grandes portais, um deles feito de osso e outro de Marfim, do primeiro saíam os sonhos que falavam sobre o futuro, do segundo saíam os demais. Vale lembrar que Gaiman também se utiliza dessas entradas em sua obra. A grande verdade é que Sonho se parece mesmo com Hipnos (que também é irmão da morte, Thanatos), o ser que não só traz o sono para todos os homens como também tem os sonhos como seus servos.

drea044Outra referência importante é Apolo. A primeira vista, parece não haver nada de comum, mas quando observado de perto podemos notar diversas semelhanças. A primeira delas é seu filho, Orfeu, que na mitologia clássica tem a figura de Apolo comum mente associada como o seu pai. Gaiman optou por desconsiderar este pequeno pedaço deliberadamente, aproximando mais ainda os dois (considerando que o capítulo “A Canção de Orfeu” é muito respeitoso as lendas). O segundo caso se encontra em “Agosto”, quando o Imperador Augustus se depara com Sonho. Primeiramente ele afirma que o Corvo que está com ele, é o poeta morto Aristeas, que teria se tornado servo de Apolo. Enquanto roga pela proteção do deus, Morpheus afirma: “Eu não sou Apolo. Eu não sou um Deus do sol. Mas poetas e sonhadores são o meu povo e não é raro que nos confundam”. Aqui existe margem para um terceiro argumento, exceto pelo domínio do Sol, Apolo de fato compartilhava poder e influência dentro das esferas da poesia, das histórias, das visões, enfim, com grande parte dos domínios de Sonho. Por fim, é interessante constatar o quanto a personalidade dos dois é parecida em alguns pontos, mas acredito que isso ocorra devido ao próprio Sonho ser um clássico protagonista grego, cheio de defeitos e qualidades líricas, a própria série se encaixa perfeitamente em uma estrutura de tragédia grega.

Enfim, somando os dois artigos, acredito que já tenha falado o suficiente sobre este, que é o principal dos perpétuos. Vale a pena ressaltar somente que Daniel, o novo Sonho, se parece ainda mais com Hipnos do que Morpheus. Apesar de haver um número bem grande de textos sobre nosso personagem, há sempre para novas discussões, pois existe muito que dizer sobre nosso anfitrião em sua jornada em busca por mudança.

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