Pelo seu pioneirismo de colocar em voga a exuberância afrocêntrica como um dos símbolos da cultura pop dos anos 1980, somado ao apelo e talento certeiros de Eddie Murphy, Um Príncipe em Nova York se transformou em muito mais que um clássico das matinês mundo afora.
Estabeleceu um padrão de comédia hollywoodiana tão replicada que o próprio ator ficou refém de seus efeitos. 33 anos depois, uma inesperada continuação só comprova o êxito da “marca”. Um Príncipe em Nova York 2 é o retorno de Akeem (Murphy) descobrindo ter um filho perdido no Queens. Assim, ele volta à Nova York para levar seu filho a ser o herdeiro do trono de seu festivo reino Zamunda. O jovem Lavelle (Jermaine Fowler), típico desprivilegiado americano, de repente, está em outra cultura e sendo preparado para um reinado.
A premissa poderia ser promissora, mas esse choque cultural inverso ao primeiro filme, fica só mesmo na… premissa. Por mais que o carisma do universo do longa em si seja o grande barato de seu resultado – o fiel escudeiro Semmi de Arsenio Hall e a belíssima Shari Headley como a esposa Lisa estão lá – não dá para escapar da sensação de um filme genérico sobre a relevância do filme original.
A direção de Craig Brewer é tão reverente que nem parece o mesmo por trás do esperto Meu Nome é Dolemite, seu filme anterior. Aqui, ao estar mais interessado nas piadas datadas, a narrativa fica relegada a uma estrutura episódica dos fatos, sem desenvolver nada além de um riso fácil. Tanto que possibilidades dramáticas como as das filhas do rei, ou atrizes do porte de Leslie Jones são inconsequentemente desperdiçadas.
Tudo o que o filme tem de bom está na memória afetiva do filme de 1988. Aquela típica produção satélite. Ou seja, mais uma continuação/reimaginação do passado, em Hollywood, que deixa o presente carecendo de um sentido que o valha. Mesmo que o de apenas divertir