Zé Renato bate um papo com o Ambrosia e fala sobre tudo

Zé Renato é o dono de uma das mais belas e afinadas vozes da MPB. Não imposta se nos lançamentos solo, nos diversos projetos com outros artistas ou como membro (por mais de 40 anos) do grupo vocal Boca Livre.

O mais recente projeto do músico, o álbum “Orlando Mavioso”, lançado pelo selo Discobertas, onde interpreta canções do repertório do fenomenal Orlando Silva, “O Cantor das Multidões”, gravado em 2004.

Em um bate-papo com a Revista Ambrosia, Zé Renato fala sobre como surgiu a ideia do disco, sobre projetos futuros e até sobre a possibilidade de uma futura reunião com David Tygel e Lourenço Baeta, ex-companheiros do recém-separado Boca Livre.

Zé Renato Orlando Mavioso

Como surgiu a ideia de lançar um CD somente com canções do repertório do Orlando Silva?

— Esse projeto com o material do Orlando Silva começou, na verdade, quando fiz uns shows com a Mariana de Moraes e o Elton Medeiros, em 1997 (turnê do disco “Alegria Continua”). Nessa época, a Mariana me deu uma caixa de CDs do Orlando na fase áurea e eu fiquei maravilhado.

Então você não era um grande conhecedor da obra do Orlando?

— Eu conhecia algo do Orlando Silva, mas na minha casa o grande cantor que rolava na vitrola era o Silvio Caldas, até pelo meu pai ser amigo dele. Mas quando ganhei a caixa da Mariana é que eu comecei a ter um entendimento da obra do Orlando que eu não tinha.

E o que mais tocou você?

— Descobrir a excelência e a grandiosidade do intérprete que ele era. A extensão vocal, o entendimento que ele tinha das canções, fazendo divisões incríveis, sempre passando por várias regiões vocais e sempre com aquela voz brilhante e aveludada. E, também, os arranjos do Radamés Gnattali.

Foi aí que surgiu a ideia de um show/disco?

— Na verdade, esse primeiro momento foi de deslumbre. Essa possibilidade ficou na minha mente até que, em 2004, eu resolvi tentar fazer um projeto com essas canções. A proposta inicial nem era fazer um disco. Era fazer um show.

E como esse show foi gerado?

— Eu pensei nesse formato de banda com Guitarra/violão, baixo, percussão e acordeão — Zé Renato (Voz e Violão), Marcos Nimrichter (Acordeon), João Castilho (Violão e Guitarra), Rômulo Gomes (Baixo Acústico) e Beto Cazes (Percussão) — e chamei o Flavio Marinho para dirigir e fazer os textos. Também conseguimos o apoio do Lan, que cedeu alguns de seus desenhos para servir como como cenário e o Rio Scenarium que também cedeu objetos para fazer parte do palco.

E a escolha do local?

— Resolvemos fazer no Centro Cultural Carioca, no centro do Rio, porque lá era um lugar (Dance Eldorado) que era frequentado por pessoas como Pixinguinha e até o próprio Orlando.

Fizemos uma temporada lá e alguns shows em São Paulo. Ficou aquela vontade de um dia fazer alguma coisa mais substancial com esse projeto (um CD ou um DVD).

E de onde vieram as gravações desses shows?

— O Serginho (Sergio Manso, técnico de som) gravava todos os shows para arquivo e, quando acabou a temporada, ele me deu as cópias e, como não foi gravado com um equipamento próprio para o registro de um show ao vivo, fiquei ouvindo aquilo apenas por prazer e acabei descobrindo momentos que emocionavam muito, até as imperfeições de uma gravação ao vivo.

Senti que ali tinha uma história que merecia virar um dico. Até que agora, durante a pandemia, propusemos ao Marcelo (Fróes, dono do selo Discobertas) e foi assim que aconteceu.

Você esperava toda essa repercussão positiva do disco?

— A minha relação com a música é de entrega, de prazer. A gente faz as coisas por paixão. O que vai acontecer depois, não tem como prever. Todos os meus projetos eu faço, primeiramente, pensando na minha satisfação, mas claro que torcendo para o publico gostar (risos).

E como está sendo, para um músico, sobreviver nesses tempos de pandemia?

— A coisa não está fácil para ninguém. Estamos todos, de alguma maneira, se adaptando a esses novos tempos. Eu estou fazendo um projeto pelo CCBB pelo centenário do Zé Keti, que é feito com restrição de público e cumprindo todas as regras sanitárias. Os shows são filmados e depois disponibilizados.

Zé Renato Orlando Mavioso

Algum outro “projeto para o futuro”?

— Tem a live deste sábado, um projeto que estou participando em Conservatória (distrito da cidade de Valença, no interior do Rio de Janeiro) onde gravamos em um teatro (sem público) e depois os shows são transmitidos. E, para outubro um disco com canções para crianças “Água para as Crianças”.

Chances de um disco com composições inéditas?

— Tenho composto muito durante a pandemia e já tenho material para fazer um disco. Fiz canções com parceiros como a Joyce, Lula Queiroga, e até musiquei um poema do Sidney Miller, que ele fez quando tinha 16 anos. Agora posso até dizer que sou parceiro dele (risos). Espero que isso se transforme em um disco em algum momento. O projeto está “na fila”.

E, para terminar: alguma chance de uma reunião (num futuro não muito distante) com Lourenço Baeta e David Tygel para manter as canções do Boca Livre “vivas”?

— Eu não descarto nada, ainda mais com o Lourenço e o David, que são pessoas com as contínuo mantendo laços de amizade, além da identificação musical. Não está na nossa programação, até porque ainda estamos de luto pelo Boca Livre. Mas são amigos, pessoas que eu adoro e se tiver que acontecer uma reunião, será em um momento e com um projeto com o qual os três achem que vale a pena.

Zé Renato faz uma live do disco “Orlando Mavioso” neste sábado (6), às 20h, no canal do YouTube do cantor.

 

 

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