Um divã no centro do palco, o analista é o ator e o analisado é do público.
A platéia se reconhece nas falas do analisado e tem admiração pelo analista.
O preconcebido dilálogo, que minutos antes de entrar em cena ouvem do espectador sobre ele mesmo, usa um ponto.
O ator que faz o analista é um provocador, que faz uso do quase espontâneo para adquirir consistência do seu discurso preestabelecido.
A despretensão da pessoa do público ganha substância teatral ao interagir com o analista e sua soberba de ator, que faz da forma do teatro o valor artístico do si mesmo.
O deslocamento de um espectador para o palco não o faz artista como o mictório de Duchamp no museu.
O teatrokê é um experimento que usa o cidadão comum para dar a leitura, o reconhecimento do trabalho do ator na defesa e ataque de questões que o cidadão comum se encontra em outra luta, por outros direitos que não uma licença para examinar uma testemunha nesta encenação.
O conteúdo adquirido da encenação, se faz pela idéia e execução e a questão artística tampouco é material psicanalítico.
Enquanto analista, o ator sabe de seu ofício, contendo a diferença do trabalho de quem representa. Enquanto ator, a partir de si mesmo, observa, escolhe e constrói seu personagem.
Enquanto si mesmo, talvez precise de um analista para dissociar arte e vida.
O espectador, na experiência do teatrokê, representa o público no diálogo com o analista, analisado vem desejar pertencimento nas artes, o qual não há.
No palco, seu discurso é do cidadão comum que quer desmistificar o artista de sua arrogância.
O cidadão na interação com o ator, analista e analisado, adquire persona que podem ser vista no cotidiano, a imagem que construímos de nós, barganhamos nosso espaço, ambicionamos um reflexo e ousamos alguma destruição para estado de guerra de validade do discurso.
O limite do fazer-se ouvir e ser ouvido dentro do teatro está na direção de trás para frente.
Na psicanálise é ouvir a si próprio.
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