Django Livre – mais Tarantino e menos Tarantino

Django-Livre-ilustracao-por-Lorena-Kaz

Ilustração de Lorena Kaz

Com Cães de Aluguel e Pulp Fiction, como todos sabem, Quentin Tarantino contribuiu (e muito) para a construção da linguagem cinematográfica do cinema que abre o século XXI. Tamanho peso nunca é simples, e assim Tarantino seguiu construindo sua marca da maneira que sabia melhor: criando cinema a partir do próprio cinema.

Foi assim com Jackie Brown, filme que abusa do gênero blaxploitation, com o filme de artes marciais Kill Bill, com a desconstrução da guerra em Bastardos Inglórios e agora com Django Livre, sua homenagem ao Spaghetti Western . Felizmente caracterizar tais filmes de modo simplório não faz jus ao trabalho de Tarantino, pois cada uma de suas produções é um emaranhado complexo de referências claras e obscuras que nem mesmo o cineasta poderia descrever.

Mas retornemos ao filme em questão. Django (Jamie Foxx) é um escravo recém liberto pelo caçador de recompensas, Dr. King Schultz (Christoph Waltz), que o convida a lhe acompanhar em sua profissão até encontrarem sua esposa Broomhilda (Kerry Washington), ainda escrava em algum lugar do esta do estado do Mississipi. Django descobre talento natural como pistoleiro ao lado de Schultz e os dois acabam localizando tempos depois sua amada na fazenda de Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), passando então a elaborar um delicado plano para resgate de Broomhilda.

Django Livre nos presenteia com duas-horas-e-quarenta-e-cinco-minutos do cinema Tarantino, com diálogos incríveis, violência exacerbada e incontáveis homenagens a todo cinema que faz do diretor um dos nomes mais criativos da sétima arte. Por outro lado, o filme acaba se exacerbando de maneira cansativa sem exalar o mesmo vigor das primeiras produções do cineasta. Neste contexto, duas-horas-e-quarenta-e-cinco-minutos acabam parecendo demais para puro entretenimento, principalmente com seu final gorduroso e a expectativa de quem acompanhou o diretor no começo de sua carreira.

Se ainda não viu Django Livre (Django Unchained, no original), vá para o cinema com um balde de pipocas e sem grandes pretensões, mas com a certeza de assistir mais um filme com a marca registrada de Quentin Tarantino.

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