Vamos pegar um barco do Velho Mundo do texto anterior até as Américas. Um barco, não, um navio. Tripulado. Um navegante para tal viagem deveria ser italiano, com todo um romantismo de um Marco Polo ou um Cristóvão Colombo. Mas, no caso, o navegante – ou o marinaio, tal qual seu principal personagem – veio a convite de nativos para se estabelecer nessas terras do lado de baixo do Equador. Hugo Pratt veio morar ali, aqui do lado, visitava vez ou outra pela Amazônia e pelo Mato Grosso, todas essas terras inspirando suas obras primas, como A balada do mar salgado (Una ballata del mare salato) e seu principal personagem, Corto Maltese.
Pois é. Nossos hermanos estavam investindo há bastante tempo na produção de quadrinhos de reconhecida importância, não apenas o gringo que foi parar lá. E a gente não conhece quase nada de seus autores que já ganharam prêmios importantes para o mundo das historietas (= histórias em quadrinhos), Yellow Kid, Angoulême… e a gente aqui, mercado, editores e leitores papando mosca… Não conhecemos nem a História da Latinoamérica.
Para tentar reduzir essa distância, a Rio Comicon traz para você, brasileirinho, uma exposição completa sobre a História da Argentina em historietas. La Patria Dibujada, Pátria Desenhada, estará entre as exposições que ocuparão a Leopoldina. Mate dois coelhos de uma cajadada só: os principais autores argentinos ilustrando sua própria história.
Aproveitando o ensejo, falemos primeiramente dos dois autores hermanos que estarão por aqui, na próxima semana, na Leopoldina.
Patricia Breccia
Patricia Breccia nasceu em 1955 em Buenos Aires e é filha do uruguaio Alberto Breccia, importantíssimo autor de quadrinhos e pintor, amigo de Pratt. Ela começou a desenhar nos anos 1970, assim como seus dois irmãos, Cristina, a do meio, e Enrique, o mais velho e mais famoso. Sua obra mais conhecida foi uma adaptação de Oscar Wilde, El Gigante Egoísta (2000). Colaborou com diversos quadrinistas argentinos, tendo publicado seus primeiros trabalhos solo em 1983, Cicatrices e Plazo Fijo.
Lucas Nine
Lucas Nine, também de Buenos Aires, é de uma geração mais nova, nascido em 1975. Já foi publicado em revistas brasileiras (Olho Máfico, Graffiti, Candyland), além de revistas na Argentina, Colômbia, Espanha e México. Participou de diversas exposições (inclusive no Brasil), é animador premiado e publicou seu livro Dingo Romero na Espanha e na França.
Jeff Newelt
Da América do Norte, aliás, dos States, Jeff Newelt editou o Pekar Project, trabalho que pretende levar em frente a obra do esplendoroso autor, falecido em julho deste ano. E o cara vem aí não só para falar de quadrinhos: segundo o próprio site da Comicon, Jeff Newelt aka JahFurry “vem ao Brasil este ano para divulgar o Rio Comicon nas redes sociais americanas e com o propósito de animar as noites cariocas e paulistas”. Além de editar e divulgar quadrinhos pelo mundo, o cara canta e dança (representa?).
Melinda Gebbie
Melinda Gebbie nasceu em São Francisco – ora, ora, a única que não tem data de nascimento exposta… -, se interessou por quadrinhos nos anos 1970, quando começou a publicar na revista Wimmen’s Comix. É isso mesmo, revista pra mulherão. Seu primeiro álbum, Fresca Zizis, saiu em 1977, após várias contribuições para diferentes revistas. Mudou-se para a Inglaterra no início dos anos 1980, acolhável terrinha que mandou confiscar e destruir seu livro, proibido por lá.
Desde os anos 1990, começou uma parceria com o genial Alan Moore em Lost Girls. Com roteiro de Moore e ilustração de Gebbie, os dois compartilham ali suas experiências sexuais, A parceria continua no casamento, desde 2007 de papel passado.












Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.