Sobre Gnomeu e Julieta, eu já tinha visto o trailer e já tinha gostado da ideia do clássico de Shakespeare para as crianças. A história fala de um romance proibido entre dois jovens de duas família de gnomos de jardim rivais. A adaptação do contexto shakespeariano para o jardim de uma casa foi muito bem realizado. No original, a cidade se chama Verona, onde vivem as duas famílias, os Montecchios e os Capuletos. Em Gnomeu e Julieta, uma rua se chama Verona e os proprietários de duas casas onde estão os jardins dos gnomos se chamam Sra. Montecchio e Sr. Capuleto. Com os vizinhos nunca se dando bem a briga transpassa os seres humanos e chega até o jardim.
Para dar um ar ainda mais lúdico, toda a casa do Sr. Capuleto é vermelha e toda a casa da sua rival é azul, inclusive os gnomos. A história, então, se passa nos conflitos entre as famílias Vermelho e Azul, e é claro que Sr. Capuleto e Sra. Montecchio também aparecem para estimular essa rivalidade. Comparando a outras adaptações como Romeu e Julieta de Zeffirelli (1968) e Romeu + Julieta (1996) de Luhrmann, essa é a adaptação mais livre das três. Principalmente por se tratar de uma comédia e ter um público-alvo infantil o filme se distancia das longas convesas, diálogos rebuscados e dos muitos monólogos presentes por exemplo na obra de Zeffirelli e Luhrmann.
Além disso, há algumas mudanças no decorrer da história. O casal, Gnomeu e Julieta, não tem o mesmo final trágico da morte do que no livro, apesar dessa morte ser muito bem aplicada na história. Julieta é uma jovem ativa que vai atrás dos seus objetivos, se vestindo de ninja para conseguir uma flor rara. O frei Lourenço torna-se uma figura humorística de um simpático flamingo que dá conselhos ao casal, não através de uma doutrina religiosa porém, pela sua experiência de vida. A Ama de Julieta, a sapa chamada Nanette, não somente cuida da jovem mas também joga charme e tenta seduzir Páris, o gnomo vermelho que é noivo de Julieta. Tebaldo, gnomo vermelho que acaba morrendo durante o filme, é reconstruído e colado nos créditos finais, a morte sempre escapa. É interessante observar como a mudança desses personagens também reflete a mudança da nossa sociedade, já que o livro original é datado de 1595.
A fotografia de Gnomeu e Julieta é muito boa, se utilizando de tons pastéis e tons desaturados, muito presentes nas gravuras e ilustrações de gnomos de jardins, para utilizá-los de forma irônica e cômica. O som é muito bem trabalhado, deixando o filme ainda mais envolvente. O barulho da movimentação dos gnomos é de acordo com o que são feitos, cerâmica, porcelana ou concreto, por exemplo. Outra coisa interessante é o “elemento Toy Story” no filme, em que os humanos não podem saber que eles tem vida. Além disso há diversas músicas conhecidas e até citações explícitas de cantores durante o filme. Muito divertido, ainda em cartaz, vale a pena ir assistir.
Já tinham me falado que era legal, mas não conhecia nada da trama. Vou esperar sair o dvd para alugar.
Belo texto 😀
Obrigada! 🙂