Quando foi anunciado que seria feito um filme de mechas (robôs gigantes) lutando com aliens as opiniões foram bem divididas. Os fãs do estilo vibraram. Quem não gosta ou desconhece, torceu o nariz. O medo principal era não ficar bom. Mas, com um amante de monstros e seres estranhos como o diretor Guillermo del Toro, não tinha como isso acontecer.
“Círculo de Fogo” já começa no meio da ação. Uma fenda se abre no meio do Oceano Pacífico e Kaijus (maneira como os japoneses denotam a bestas) emergem das profundezas atacando e devastando cidades. Após o primeiro ataque, a incidência desses monstros foi diminuindo e mesmo com todas as vitórias, não parecia que iria terminar tão cedo. Além do que, o sangue deles se mostrou um poderoso ácido e veneno para as cidades onde ocorreram as batalhas.
Foi então que o governo começou a desenvolver o Programa Jaeger (lutadores). Robôs gigantes que seriam capazes de enfrentar um combate corpo-a-corpo com os Kaijus. O piloto seria conectado ao Jaeger através de neurotransmissores e assim se tornarem um só. A empreitada se mostrou muito arriscada, pois os danos cerebrais se mostraram muito fortes para uma única pessoa. Foi então que o programa foi aperfeiçoado e ao invés de um, dois pilotos iriam juntos, controlar tudo, usando um piloto o hemisfério direito do cérebro, enquanto o outro usaria o hemisfério esquerdo. A difícil tarefa era encontrar esses pilotos, pois o nível de afinidade deveria ser muito grande. Além da batalha eles também dividiriam suas memórias e experiências. Foi então que começaram a recrutar parentes.
Os irmãos Yancy (Diego Klattenhoff o Mike da série Homeland) e Raleigh (Charlie Hunnam de Sons of Anarchy) eram bem famosos e juntos com Gipsy Danger, já haviam derrotado quatro Kaijus. Cada Kaiju tem um nível diferente, que parece aumentar a cada nova aparição. Dessa vez os Becket iriam enfrentar um de nível 3. Só que o Kaiju está mais forte do que parece e mesmo tendo levado muitos tiros, ele consegue derrotar os Beckets, causando a morte de Yancy.
Sozinho, Raleigh tem que abandonar o programa e começar a viver uma vida dita normal. Cinco anos depois a situação não parece nada bem. Kaijus começaram a aparecer com uma frequência ainda maior e cada vez mais os Jaegers estão sendo derrotados. O governo não acredita mais no programa e restará ao Marechal Stacker (Idris Elba de Mandela: Long Walk to Freedom) reunir os últimos pilotos e liderar uma resistência que irá aos últimos limites para se opor a essa ameaça.
É um filme simples em teoria. Despretensioso, ele cumpre o que propõe sem prometer muito além.
O roteiro de Travis Beachman (o mesmo de Fúria de Titãs) é objetivo e conciso e se atem ao que é necessário. Nada de personagens complicados, passados confusos, romances, nada disso. Só conhecemos quem é preciso conhecer, nenhuma informação é inútil e nos momentos de descontração, as piadas são muito boas. Guillermo possui esse dom de criar o timing perfeito e aqui ele não foge a sua essência. Tudo é tão bem planejado que faz com que sintamos que estamos lá, dentro do robô. Desde os menores cortes até as movimentações de câmera. As cenas de luta são de tirar o fôlego e é impossível não ficar boquiaberto com a grandeza de tudo.
O elenco foi bem preparado e mesmo com atuações superficiais (devido a profundidade dos personagens) se saem muito bem, especialmente nas partes coreografadas. O 3D do filme está excepcionalmente bem finalizado. Algumas coisas são bastante sutis e outras mais visíveis, e não importa qual seja, surpreende da mesma forma. Destaque para a trilha sonora, principalmente a ótima música tema que tocava na hora do embate deixando o que estava por vir, mais emocionante.
Guillermo se empenhou ao máximo e nos dá um legítimo filme de mechas e aliens. E está de parabéns. Desde os cenários deslumbrantes, aos muitos detalhes e personalidade dos mechas, é tudo surreal demais e por isso mesmo tão interessante. “Círculo de Fogo” não é um filme cabeça, nunca foi e nunca será. É um filme como dito antes, despretensioso, mas que ainda assim não deixa de ser excelente dentro da sua categoria.
Se a ideia era homenagear os filmes de monstros japoneses da década de 50 e 60, del Toro conseguiu ir mais além, e mostrou que com empenho e dedicação é possível tornar até a mais absurda das ideias, em algo simplesmente exultante.
Evangelion?
mistura de godzila com transformes feito do jeito certo! filme maravilhoso