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“Resident Evil 6: O Capítulo Final” encerra (?) franquia sem muito impacto

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Verdade seja dita: Nenhum dos filmes da série “Resident Evil” é realmente marcante como cinema. Até porque dá para sentir que nunca foi o objetivo de seus realizadores. E isso também pode ser visto como algo a favor para a franquia e talvez ajude a entender por que ela resistiu por tanto tempo e conseguiu ter uma vida bem maior do que várias outras adaptações de games para a telona.

O mérito também vai para Paul W.S. Anderson que, depois de obter um bom resultado com “Mortal Kombat” em 1995 (mesmo não sendo um filme com sangue e tripas, como gostariam os fãs do Liu Kang, Johnny Cage e cia.), trouxe para as telonas o famoso game de terror da Capcom e dirigiu boa parte de suas continuações, contando com apenas alguns elementos familiares do jogo e muitas lutas e correrias, que acabaram agradando o grande público.

Agora, Anderson entrega aquele que promete ser a última parte da saga iniciada em 2002, com tudo o que os fãs já viram anteriormente, mas não se incomodam em ver de novo. Só que “Resident Evil 6: O Capítulo Final” (“Resident Evil: The Final Chapter”), embora procure voltar ao clima de suspense e terror que andava meio esquecido nos filmes anteriores, não apresenta nada de muito inovador em relação ao que já foi concebido na franquia e não cria um desfecho satisfatório para a série, e só deve agradar aos fãs, tanto dos jogos quanto das versões cinematográficas, que não forem muito exigentes.

A trama começa exatamente onde “Resident Evil 5: Retribuição” parou, com Alice (Milla Jovovich) tentando sobreviver nos escombros da cidade que era conhecida como Washington, com praticamente toda a sua população morta ou transformada em mortos-vivos graças ao T-Vírus, criado pela Umbrella Corporation. Enquanto luta para não ser destruída por zumbis ou outras terríveis criaturas mutantes, ela recebe uma mensagem da Rainha Vermelha (Ever Anderson, filha do diretor e da estrela da série) de que há um antídoto capaz de acabar com a praga que dizimou quase toda a humanidade.

Só que essa cura está na Colmeia, a complexa construção que fica debaixo de Racoon City, onde começou a terrível epidemia. Ao lado de sua antiga parceira Claire Redfield (Amy Larter) e de seus novos amigos, incluindo o namorado Doc (Eoin Macken) e Abigail (Ruby Rose), Alice inicia uma longa jornada de volta ao local onde todo esse pesadelo teve o seu início. Só que um ressurgido Dr. Isaacs (Iain Glen), auxiliado por Wesker (Shawn Roberts) e um verdadeiro exército de zumbis, quer impedir que ela chegue ao seu destino, que ainda reserva algumas surpresas para a destemida heroína.

Para “Resident Evil 6: O Capítulo Final”, Paul W.S. Anderson trouxe de volta o mesmo clima apresentado no terceiro filme, dirigido por Russell Mulcahy (“Highlander”), com cenários desérticos e lotados de zumbis. Além disso, ele também procura emular as ideias que George Miller desenvolveu para a série “Mad Max”. Só que Anderson não é Miller e, assim, não consegue obter um bom resultado nas cenas de perseguição envolvendo veículos, por exemplo, que ficam mais do mesmo em boa parte do tempo.

Outro erro que o cineasta comete é fazer com que a ação seja toda picotada na edição, com o intuito de tornar as sequências mais rápidas e impactantes. Mas, assim como o seu colega de trabalho Michael Bay, as cenas aceleradas não deixam que o espectador veja claramente o que está acontecendo na tela. Para piorar, há muitos momentos em que tudo acontece no escuro, privando o público de entender melhor as imagens.

No entanto, Anderson se sai melhor quando precisa injetar suspense, especialmente no início da trama, em Washington. Se ele continuasse dessa forma, o filme seria bem mais interessante e um bom filme de terror. É uma pena, no entanto, que tanto o diretor deixe isso um pouco de lado à medida que a história avança e prefira se concentrar socos, pontapés e tiros de diferentes calibres, que é algo que os fãs mais gostam de ver na franquia.

Quanto ao roteiro, também escrito por Anderson, não há grandes alterações em relação ao já visto anteriormente. Ele peca, no entanto, ao não explicar de forma mais apropriada, o destino de alguns personagens que estavam na quinta parte e, aqui, nem dão as caras. As reviravoltas são bem imprevisíveis, mas até que divertem, assim como seus diálogos que não fogem (nem parecem fazer questão) do clichê. E, no fim das contas, tudo é um mero pretexto para que Alice destrua seus inimigos com armas ou mesmo com seus punhos ou chutes. Quem for ao cinema para vê-la botar para quebrar, certamente não sairá insatisfeito da sessão.

Como de praxe, não há grandes destaques no elenco em termos de atuação, embora Milla Jovovich mostre que nasceu mesmo para viver a corajosa Alice, graças ao seu invejável trabalho físico nas cenas de luta que não borram sua maquiagem nem despenteiam o seu cabelo. Já Ali Larter e Ruby Rose (vista recentemente em “xXx-Reativado”) pouco têm a fazer com seus papéis e Iain Glen parece não ter vergonha de assumir sua canastrice como o vilanesco Dr. Isaacs, assim como o seu “parceiro” em maldades, Shawn Roberts. Mas pedir que alguém atue fora do piloto automático nessa franquia seria um pouco demais.

Com bons efeitos especiais, mas um 3-D que não acrescenta muito, “Resident Evil 6: O Capítulo Final” é uma despedida pouco memorável para uma das séries inspiradas em games mais rentáveis dos últimos anos. Não se surpreenda se, muito em breve, forem anunciadas a sétima, oitava, nona partes da franquia, se a bilheteria for muito boa. Afinal, Alice é como Jason, de “Sexta-Feira 13”: quando você acha que acabou, às vezes por não ter mais o que contar, ela pode voltar de novo para chutar mais traseiros de mortos-vivos (ou qualquer outro tipo de ameaça) e deixar seu público vibrando no escurinho do cinema.

Filme: “Resident Evil 6: O Capítulo Final” (Resident Evil: The Final Chapter)
Direção: Paul W.S. Anderson
Elenco: Milla Jovovich, Ali Larter, Iain Glen, Ruby Rose
Gênero: Ação/Terror
País: EUA
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Sony Pictures
Duração: 1h 46min
Classificação: 14 anos

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