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“LEGO Batman: O Filme” diverte com ótimas piadas e situações impagáveis

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Quem diria que, depois de protagonizar uma trilogia de sucesso comandada por Christopher Nolan e de ser reformulado para ser um dos principais personagens do novo universo da DC Comics no cinema, o personagem criado por Bob Kane e Bill Finger encontraria num derivado da animação “Uma Aventura LEGO”, lançada em 2014, uma das melhores (e mais divertidas) versões já lançadas até o momento, com tudo a que tem direito.

Com “LEGO Batman: O Filme” (“The LEGO Batman Movie”), o universo do Cavaleiro das Trevas volta a ter relevância ao utilizar praticamente todos os elementos mais marcantes da carreira do vigilante mascarado durante seus 78 anos de existência, tornando a produção um verdadeiro deleite não só para as crianças, mas também para os bat-fãs de qualquer idade, especialmente para quem conhece muito bem as várias encarnações do herói.

Na trama, ambientada em Gotham City (onde mais?), Batman (dublado em inglês por Will Arnet e em português por Duda Ribeiro) vive dedicado ao seu trabalho de combater o crime, deixando de lado o seu alter ego civil, o milionário Bruce Wayne, para desgosto de seu fiel mordomo Alfred (Ralph Fiennes/Júlio Chaves), que gostaria que seu patrão fosse um pouco menos solitário. Ao mesmo tempo, o Coringa (Zach Galifianakis/Márcio Simões), após ter vários de seus planos de conquistar a cidade frustrados pelo Homem-Morcego, decide criar uma ameaça que nem mesmo o Cruzado de Capa seria capaz de derrotar.

Aos poucos, Batman percebe que não pode lutar sozinho e acaba contando com a ajuda de um jovem que adotou, Dick Grayson (Michael Cera/Andreas Avancini), a bela filha do Comissário Gordon, Barbara (Rosario Dawson/Giulene Conte), que se tornarão Robin e Batgirl, respectivamente, além de Alfred para trazer a paz de volta a Gotham City. E, quem sabe, ser um pouco mais aberto em relação às pessoas ao seu redor.

Com uma trama engenhosa, escrita por Seth Grahame-Smith, Chris McKenna, Erik Sommers, Jared Stern e John Whittington, o longa reúne o maior número de piadas e situações hilárias por segundo já vistos numa animação recentemente. O filme não perde o ritmo em nenhum momento e faz rir, principalmente, com a grande quantidade de referências que surgem de forma alucinada e muito divertida, como por exemplo o surgimento dos Super Amigos. Quem só conhece o personagem de suas aventuras mais recentes pode não “pescar” tudo o que surge na telona.

Mas, mesmo assim, o espectador terá ótimos momentos de entretenimento proporcionados pelos envolvidos na produção. Já quem acompanha os quadrinhos, os desenhos animados e os filmes com o Cavaleiro Vingador vai ficar com um sorriso fixado no rosto por causa das várias maneiras encontradas para fazer, além de reverência, uma homenagem a tudo que já foi criado para o combatente do crime mais querido do público (ao lado do Superman, talvez). Ao mesmo tempo, o filme trabalha de forma surpreendente, para uma animação aparentemente infantil, uma das questões mais complexas a respeito de ser um combatente do crime que se disfarça de milionário (e não o contrário), já trabalhada nos quadrinhos: a solidão de seu protagonista, que resiste ao fato de que precisa de outras pessoas para ter um sentido em sua vida.

O filme, comandado por Chris McKay, também ganha pontos ao ir além da bat-mitologia e coloca elementos de outras franquias que vão agradar também até quem não vai com a cara do Morcegão. Contar quais são estragaria a surpresa e a satisfação para o público e quanto menos souber, melhor. Só dá para dizer que os roteiristas foram muito inteligentes e felizes em colocar essas referências de uma maneira que não prejudica a trama, apenas a deixa ainda mais saborosa. A animação segue o mesmo estilo adotado em “Uma Aventura LEGO”, sem grandes inovações em relação à sua matriz. No entanto, saltam aos olhos a agilidade para as cenas de ação e a utilização para a câmera lenta em alguns momentos, que ajudam em deixar o filme mais cinematográfico do que outras aventuras estreladas pelos populares bonequinhos que saem direto para vídeo ou TV a cabo.

A versão brasileira conta com ótimos dubladores (e – Santa Voz Errada, Batman! – sem a participação de celebridades), que realizam um trabalho muito bem feito e competente, que merece reverência. No entanto, quem conseguir ver o filme legendado poderá ouvir as vozes de atores como Channing Tatum (Superman), Jonah Hill (Lanterna Verde), Zoë Kravitz (Mulher-Gato), Billy Dee-Williams (Duas Caras), entre outros, além dos já citados Arnet, Cera, Dawson e Galifianakis, que, certamente, devem ter se divertido com essa bat-tarefa.

“LEGO Batman: O Filme” já desponta como uma das melhores animações do ano, graças à paixão de seus realizadores que conseguiram a proeza de fazer uma obra que reúne tudo de melhor (e também mais ridículo, no bom sentido) da imbatível carreira do Homem-Morcego. Mas, com certeza, ao fim da sessão, o público terá uma sensação de satisfação genuinamente obtida pelo que acabou de ver e até terá vontade de ver mais, com novas tiradas divertidas com o Cavaleiro das Trevas e seus mocinhos e bandidos. Afinal, como diz o herói, parafraseando Wesley Snipes em “Passageiro 57”: “Você joga roleta? Então aqui vai uma dica: Sempre aposte no preto!”.

Filme: “LEGO Batman: O Filme” (The LEGO Batman Movie)
Direção: Chris McKay
Elenco: Will Arnett, Zach Galifianakis, Michael Cera, Rosario Dawson, Ralph Fiennes, Channing Tatum (Vozes originais)
Gênero: Animação, Aventura, Comédia
País: EUA
Ano de produção: 2017
Distribuidora: Warner Bros
Duração: 1 h 44 min
Classificação: Livre

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