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Jamiroquai se sai bem com sua fórmula habitual em “Automaton”

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Ingleses brancos fazendo som negro não chega a ser novidade. Na verdade vemos isso desde os Beatles e os Rolling Stones, que pegavam o peso e a ginga de Chuck Berry e Little Richard para criarem sua sonoridade. Nos anos 1990 o Jamiroquai chamou a atenção na cena musical com seu funk/acid jazz sacolejante e o vocal de Jay Kay, que deixava surpresos todos quando assistiam ao videoclipe e constatavam que ele era branco. Foram três discos essenciais lançados em sequência: “Emergency On Planet Earth”, “The Return Of The Space Cowboy” e “Travelling Without Moving”. O auge criativo pode ter ficado para trás, mas a qualidade Sonora, felizmente, não. É o que se pode constatar na audição de “Automaton” (Universal Music/2017).

Os grooves pesados estão ali, firmes e (muito) fortes. A voz marcante de Jay Kay dita os contornos apoiada naquela deliciosa batida característica, com as viradas de bateria e inserção de cordas de praxe. O Jamiroquai, apesar de abusar das bases eletrônicas, é norteado pela canção genuína. Um exemplo é ‘Superfresh’. A faixa é precedida de uma trinca de fazer pista de dança pegar fogo: ‘Shake it On’, a faixa-título e ‘Cloud 9’. Mas se é para eleger a música mais inspirada do disco, essa é sem dúvidas ‘Nights Out In The Jungle’.

A que provavelmente remeterá ao Jamiroquai dos velhos tempos é ‘Something About You’, que segue de maneira retilínea a fórmula de composição que se tornou marca registrada da banda. O disco tem alguns pontos fracos como ‘Hot Property’ e ‘Summer Girl’, mas não chegam a comprometer o resultado final. Apesar de ser superproduzido, “Automaton” não se perde. Usa os recursos disponíveis sem aquele exagero que serve para rechear lacunas audíveis por ouvidos mais atentos.

O álbum é produzido pelo mestre italiano Giorgio Moroder, que introduziu os sintetizadores na disco music e ganhou destaque com o trabalho que realizou com Donna Summer. É perceptível que, apesar de ter deixado o Jamiroquai bastante à vontade, ele também imprimiu sua marca, mas se adequando aos preceitos da sonoridade do grupo.

E a banda soa bastante azeitada nesse novo trabalho. Da formação original, resta apenas Kay. Os membros mais antigos são o baterista Derrick Mackenzie, integrante desde 1994 e o backing vocal e percussionista nigeriano Sola Akingbola. “Automaton” não se iguala à trilogia inicial da carreira da banda, mas indubitavemente é um grande mérito depois de 25 anos o Jamiroquai ainda soar vigoroso e relevante.

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