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“13 Reasons Why”: o pequeno grande fenômeno dramático da Netflix

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“13 Reasons Why” ou Os 13 porquês” conseguiu um alcance que só corrobora o poder da Netflix na disseminação cultural de seu conteúdo. Faz sentido e é merecido. Mas, como ferramenta de conteúdo tão independente, não consigo entender o motivo – justificado nos veículos tradicionais pelo fator financeiro – de insistir em produzir séries obrigatoriamente, com mais de 10 episódios. Essa espécie de padronização enfraquece sua dramaturgia.

Em 13 Reasons Why”, com 13 episódios, isso só sublinha o quanto o livro original foi diluído para caber no seu formato audiovisual. A história tem força e relevância: após sofrer abusos físicos e psicólogos, Hannah Baker (Katherine Langford), 17 anos, resolve se suicidar. Duas semanas depois, seu amigo e paixonite, Clay (Dylan Minnette), recebe uma caixa com fitas cassetes que ela deixou gravadas, justificando e responsabilizando, caso a caso, como seu grupo de amigos da escola contribuiu para tamanho extremismo.

O argumento já é esquemático, e o roteiro comete o erro de cair no mesmo esquematismo, ao esticar o plot sem ter consistência narrativa para tal. Ou seja, a história se resolveria melhor com metade dos episódios. Há uns 5 ou 6 episódios desnecessários e que deixam o roteiro todo cheio de furos.

A figura de Tony (Christian Navarro), espécie de guardião das tais fitas e que age como um “orientador” (!) para o protagonista, é absurdamente mal desenvolvida, quase numa necessidade técnica para a história, mas sem função dramática crível. Isso sem falar na reação inverossímil dos acusados, que mesmo sabendo da existência das fitas/indícios de seus “crimes”, nada fazem de mais efetivo para reverter.

Entretanto, quando digo que a história é poderosa é porque o tratamento do assunto, como temática, é impactante. Os últimos (e melhores) episódios, onde vemos eclodir o tal suicídio, são fortes e bastante significativos. A mensagem que a série quer passar é bem mais de conscientização do que glamourização, como chegou a ser acusada.

É o típico produto que levanta discussões e isso é uma grande virtude. Se focasse mais nesse intuito e menos no esticamento de supostas probabilidades dramatúrgicas, poderia ser muito mais relevante que já conseguiu ser. Para além disso, a Netflix é mesmo uma potência. E vem sabendo perfeitamente se colocar assim.

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