Expressoé um filme dirigido por Daniela Machado, artista multidisciplinar, nascida no bairro do Capão Redondo, em São Paulo. Sob a premissa de retratar a história de quatro jovens que passaram pela Fundação Casa e os sentimentos que carregam em suas memórias, o documentário toca em debates sensíveis acerca da pobreza, em um país onde o investimento na juventude é escasso e as opções são poucas. Aclamado pela crítica, o material estreia no New York Brazilian Film Festival, que acontece em Nova Iorque nos dias 08, 09 e 10 de novembro.
Trabalhar com questões íntimas faz parte da identidade de Daniela Machado. Aos 14 anos, a diretora se envolveu com drogas e roubos. Já aos 16 anos, foi para a FEBEM-SP (Fundação do Bem Estar do Menor), atual Fundação CASA, onde passou 7 meses em regime fechado. Foi também na instituição que a diretora teve seu primeiro contato com as artes, através de aulas de teatro, pintura e desenho e conheceu Márcia de Luca, uma das precursoras do yoga no Brasil, que apoiou a sua integração social e financiou os seus estudos.
Desde 2018, Daniela realiza um processo investigativo sobre o período que esteve presa por meio da fotografia, cinema, escrita, desenho e pintura. Fundou a ASP, uma associação sem fins lucrativos, com programas de arte e educação para jovens de comunidades carentes.
Em 2020, a diretora criou o Projeto Expresso, programa de educação de iniciação às artes visuais para jovens que passaram pela Fundação CASA e cumpriram medida socioeducativa em situação de risco e vulnerabilidade social. A ação tem o objetivo de mantê-los longe da criminalidade e do uso de drogas e, também, oferecer ferramentas de integração e inclusão social. No ano de 2023, Daniela recebeu uma Menção Honrosa da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da Cidade de São Paulo pelo trabalho que realiza com crianças e adolescentes em situação de risco.
Derivado do projeto, o Expresso conta a rotina diária de quatro jovens artistas. MC GH da Capital, Ruby, Marketing Revoada e Anny Ferreira participam do filme, com suas vozes e histórias de desafios enfrentados em suas lutas diárias por mais direitos e serviços.
Fugindo de uma visão romântica, o documentário aborda a dificuldade dos jovens sem condições financeiras adequadas, em um país onde o investimento na juventude é escasso e as opções são poucas. Numa eterna oscilação entre o objetivo e suas memórias, Daniela Machado dá voz a estes jovens, refaz os seus passos, dá luz aos seus sonhos e aborda os desafios diários, seguindo uma linha de conciliação entre os opostos e reforçando a experiência de imersão no mundo destes novos talentos e seu olhar sobre eles.
“O filme, também, busca resgatar a humanidade de seus protagonistas, que é colocada em xeque por questões de ordem econômica e social, tendo uma estigmatização redobrada quando se passa por uma instituição como a Fundação CASA. Diante disso a necessidade de olhar, de escutar, de apoiar, de incentivar esses jovens, que assim como ela tiveram suas vidas atravessadas por um braço do sistema penitenciário brasileiro.”, afirma Daniela Machado.