A contribuição dos povos originários para o que consideramos brasileiro é muitas vezes invisibilizada. Isso ocorre na vida pública, na língua, nos costumes, na culinária, na medicina, na arte e na música. Propondo uma reconexão com nossas raízes e uma apresentação da cultura dos povos originários, é a proposta da Feira Cultural da Aldeia Mãe Barra Velha que acontecerá no recém-reconstruído Centro cultural da Aldeia Mãe Barra Velha em Porto Seguro, no dia 25 de novembro, a partir do meio-dia, com o patrocínio de Natura Musical. O evento tem entradas gratuitas.
Apresentações do samba de raiz, degustação da culinária ancestral, pintura corporal com genipapo e Urucum, esportes indígenas, palestras sobre a história Pataxó, medicina da floresta, parto natural, artesanato Pataxó através de oficinas e uma feira com produtos produzidos pela comunidade.
Suprindo uma lacuna na história da MPB, Marujos Pataxó apresenta o samba indígena. Presentes na formação do gênero no sul da Bahia, as tradições percussivas e rítmicas seguem preservadas na Aldeia Mãe Barra Velha, no território Pataxó, onde o samba é um ritual sagrado no qual os indígenas expressam sua fé e cultura com originalidade, passando de geração em geração através de músicas que retratam a natureza e a vida no campo.
O território, que conta com o Parque Nacional do Monte Pascoal e fica tão perto de onde começou a invasão em 1500, foi o primeiro aldeamento do Brasil e já consta com 523 anos de resistência. Depois do trágico massacre ocorrido em 1951, houve uma diáspora do povo Pataxó por diversos pontos do país, que ainda enxergam aquela aldeia e região como parte de suas raízes.
Um retrato da resiliência e da força, a cultura do povo Pataxó segue firme apesar de massacres, dores e de mais de quinhentos anos de invasões sofridas. O preconceito é uma forma constante e invisível de repressão, experimentada por muitos, mas debatida por poucos. A repressão ativa e violenta inclui a queima de casas, invasão de terras e até assassinato de indígenas. Permanecer nas terras, apesar de décadas de repressão cultural, é um ato de resistência em nome das gerações passadas e futuras. Por isso, o resgate cultural que ocorre por meio da valorização da identidade indígena é tão importante.
O Marujos Pataxó lançará neste mês um álbum com produção musical de Lenis Rino (Fernanda Takai, Matheus Aleluia, Tatá Aeroplano, Palavra Cantada), direção técnica de Tejo Damasceno (BNegão e os Seletores de Frequência, Sabotage, Instituto) e masterização de Fernando Sanches (Criolo, Baianasystem). O projeto ainda ganhará um documentário que apresenta a história do grupo, do gênero musical e do próprio povo Pataxó, um clipe e um remix assinado pelo Tropkillaz.
O projeto visa reconhecer a influência indígena na criação do samba brasileiro, promovendo o samba indígena de raiz com os Marujos Pataxó. Além de fortalecer e divulgar essa forma musical única, busca melhorar a qualidade de vida na Aldeia através da arte, gerando emprego, renda e preservando a cultura tradicional Pataxó. A marujada indígena se apresenta para o país todo compartilhando a memória, a luta e a cultura dos ancestrais de forma sustentável e global.
Marujos Pataxó foi selecionado pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura da Bahia (FazCultura), ao lado de Casa do Hip-Hop Bahia, Cronista do Morro, Festival Pagode Por Elas, Os Tincoãs e Ventura Profana. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para mais de 80 projetos de música até 2022, em diferentes formatos e estágios de carreira, como Margareth Menezes, Luedji Luna, Mateus Aleluia, Mahal Pita e Casa do Hip Hop da Bahia.
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