O palco da Casinha do Núcleo receberá para um espetáculo no dia 4 de outubro, às 20 horas, a cantora e compositora Ilessi. Com uma fusão vibrante de expressões musicais e a direção musical de Marcelo Galter, o show é uma jornada emocional através das complexidades das heranças da diáspora negra no Brasil, segundo a visão ímpar de Ilessi. O projeto foi viabilizado pelo Proac-SP de Circulação de shows.
O espetáculo não se limita a contar histórias de perda, exílio e viagens, mas também exploram estéticas musicais e poéticas que transcendem simplificações étnicas estreitas. Inspirados por figuras influentes como Moacyr Santos, Tânia Maria e Letieres Leite, os arranjos e performances de Ilessi e sua banda revelam uma rica tapeçaria de polifonia e polirritmia.
A banda, composta por músicos de destaque fortemente influenciados pela cultura negra, inclui Ldson Galter no baixo, Marcelo Galter no piano, Reinaldo Boaventura na percussão, todos de Salvador, além da própria Ilessi nos vocais, originalmente do Rio de Janeiro e radicada em São Paulo. Juntos, eles apresentam uma vasta gama de sonoridades, desde os ritmos do candomblé até diversas vertentes presentes na música brasileira, como o jazz, o samba e a balada.
O repertório do show cuidadosamente selecionado inclui composições originais de Ilessi, como “Brejeira Flor” em parceria com Simone Guimarães, além de peças de compositores brasileiros de gerações passadas e atuais, como Johnny Alf, Milton Nascimento, Thiago Amud e Tânia Maria. A improvisação também é uma marca deste show presente na performance de todos os músicos. A interpretação de Ilessi se destaca não só pelo domínio de linguagens improvisatórias mais convencionais, mas também pelo caráter de experimentação, flertando com o delírio e usando sonoridades múltiplas como o grito, imitação de vozes, criação de personagens, reprodução de vozes inspiradas no canto de povos de outros países e interjeições.
A proposta é uma afirmação da importância da diversidade na cena musical brasileira, refletindo o compromisso dos artistas envolvidos com uma estética musical livre e revolucionária. Representando não apenas suas próprias vivências, mas também uma união única dessas experiências, o show de Ilessi e sua banda desafia os limites estilísticos e narrativos, contribuindo para uma história musical mais democrática e inclusiva.
O caráter diaspórico, tanto do caminho que artistas negros traçaram em suas trajetórias, tanto de determinados gêneros e formas musicais apresentados neste projeto, é tema que vêm sendo cada vez mais abordado por artistas negros que desejam ver a cena musical brasileira mais plural e a escrita de sua história mais democrática. A relevância específica deste show se dá no compromisso com uma estética musical livre e revolucionária, que representa profundamente a vivência musical de cada um dos músicos individualmente, assim como o resultado da união dessas vivências. A reunião desses músicos propõe a inquietude e a inconformidade sempre característica do negro brasileiro, através da música construída por eles, buscando sonoridades que não foram tão exploradas no universo da canção popular brasileira.
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