O coletivo Pérfida Iguana, que pesquisa dança desde 2014, apresenta o espetáculo Reconhecer e Perseguir. O grupo atua há 10 anos como um polo de pesquisa e produção por meio do trabalho continuado dos artistas Carolina Callegaro e Renan Marcondes, ao lado da produtora Tetembua Dandara. Ao longo dessa trajetória, uma questão tem sempre pairado sobre o trabalho do grupo: “o que eles fazem é dança?”.
E é justamente esse questionamento que deu origem ao novo espetáculo. “Essa questão sempre nos perseguiu de forma saudável e inclusive nos estimula a seguir trabalhando. Porém, ela tomou uma forma inesperada durante a pandemia. Nosso problema começa com um parecer que recebemos em 2021 de gestores de um edital público do Estado de São Paulo após entregarmos o relatório parcial de um projeto realizado com o apoio de um edital de dança que ganhamos no final de 2019 e tivemos que realizar – quase completamente – ao longo da pandemia”, conta Renan Marcondes.
Na ocasião, o documento questionava a autenticidade da série de vídeos “Manejo”, produzida com os recursos do edital, afirmando que as obras tinham “conteúdo inexpressivo, enigmático e irreconhecível como dança para o público em geral”. Após um longo processo jurídico, o caso foi resolvido, não sem transformar radicalmente a visão dos artistas sobre o contexto de produção no Brasil e os modos possíveis ou necessários de se relacionar com ele.
“Ter recebido tal resposta no ano de 2021, após 7 anos de pesquisa continuada, nos parece dizer muito do tempo em que vivemos. Um trabalho experimental e de pesquisa, como o que o Pérfida Iguana tem realizado, talvez tenha pouco respaldo mercadológico, o que torna as políticas públicas essenciais para viabilizar sua produção e a de trabalhos com interesses similares, a fim de que a produção cultural se mantenha em constante atualização e renovação. Portanto, no debate sobre se o que estamos fazendo é dança ou não é dança, nossa resposta no momento é: estamos pesquisando dança. E estar pesquisando dança nos projeta para situações incertas, de risco e de possível indefinição da linguagem, sempre confiando na capacidade do público de refletir e discordar – e não apenas de entender e gostar”, comenta Carolina Callegaro.
Espetáculo de dança Reconhecer e Perseguir
Quando: 28 de março a 07 de abril – segundas e sextas às 19h | sábados às 17h e 19h
Onde: Arquivo Histórico Municipal – Praça Cel. Fernando Prestes, 152- Bom Retiro, São Paulo (em frente ao metrô Tiradentes)
Quanto: Gratuito
Classificação: Livre
Sinopse: Havia um grupo de pessoas que tentava criar, repetidamente, um chão para dançar. Para produzi-lo, lançavam mão de fragmentos de uma história, que podia ser da dança ou não. A cada tentativa, um novo chão surgia, abrindo caminho para outro futuro possível. No entanto, o chão tanto quanto o futuro são instáveis e seguem se transformando constantemente pelo esforço do grupo, revelando o poder do trabalho humano de construir coisas e destruí-las simultaneamente.
Ficha Técnica:
Direção e performance: Carolina Callegaro, Raul Rachou e Renan Marcondes
Performer convidada: Marilene Grama
Texto, figurino e design gráfico: Renan Marcondes
Dramaturgistas: Artur Kon e Clarissa Sacchelli
Trilha original: Peri Pane e Otávio Ortega (gravado no estúdio 100 Grilos)
Músicas originais: composição e voz de Paula Mirhan e letra de Artur Kon
Desenho de luz: Laura Salerno e Marcus Garcia
Direção técnica e operação de som e luz: Matias Ivan Arce
Fotografias: Tetembua Dandara e Mariana Chama
Vídeo: BRUTA Flor Filmes
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produção executiva: Tati Mayumi
Direção de produção: Tetembua Dandara
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