Depois de mais de uma década, o Grupo Oficcina Multimédia (GOM) volta ao Rio de Janeiro para apresentar o seu mais novo trabalho: “Vestido de Noiva”, clássico de Nelson Rodrigues. A peça estreia em 11 de outubro no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (Teatro 2), com sessões de quarta a sábado, às 19h; domingo, às 18h, até 5 de novembro. Com patrocínio e apresentação do Banco do Brasil e realizado pelo Governo Federal, a montagem integra as comemorações dos 45 anos de atuação ininterrupta da companhia de teatro mineira e os 40 anos de direção artística de Ione de Medeiros.
Após uma temporada de estreia com sessões esgotadas no Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte, a montagem seguiu para o Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo, onde ficou em cartaz até 24 de setembro, também com sessões lotadas. Em novembro, a peça ganha temporada no Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (16/11 a 10/12).
Formado por Camila Felix, Henrique Torres Mourão, Jonnatha Horta Fortes, Júnio de Carvalho, Priscila Natany e Victor Velloso, o elenco se reveza nas cenas entre personagens masculinos e femininos, sem distinção de sexo, numa performance que dá continuidade à proposta de duplos e trios como no espetáculo anterior da companhia, “Boca de Ouro” (2018/2019), que marcou a estreia do grupo no universo de Nelson Rodrigues.
Escrita em 1943, a peça “Vestido de Noiva” que completa 80 anos em dezembro, deu início a um processo de modernização do teatro brasileiro. “A peça lida com o inconsciente e com a falta de uma ordem cronológica, o que nos desafiou a construir uma dinâmica de montagem que pudesse levar o público à compreensão destas camadas de acontecimentos e diálogos que se relacionam”, diz a diretora Ione de Medeiros.
Em “Vestido de Noiva”, Nelson Rodrigues mescla realidade, memória e alucinação para contar a triste história de Alaíde. Após ser atropelada por um carro em alta velocidade, ela é hospitalizada em estado de choque. Na mesa de cirurgia, oscilando entre a vida e a morte, a mente de Alaíde tenta reconstruir sua própria história e, aos poucos, seus sonhos inconscientes e desejos mais inconfessáveis vêm à tona. Quem vai ajudá-la nesse processo é a enigmática Madame Clessi. Juntando as peças desse quebra-cabeça, ela conduz Alaíde na busca pela reconfiguração de sua própria identidade.
A montagem preserva a dramaturgia original da obra de Nelson Rodrigues e incorpora soluções cênicas que são marcas da identidade do GOM. No espetáculo, um narrador em vídeo conduz a história e permite ao público ir conectando peças como num quebra-cabeça. “O material cênico tem rodinhas e alturas variadas, o que possibilita aos atores se posicionarem em níveis diferentes, conferindo à cena uma atmosfera de flutuação e, ao cenário, uma mobilidade fluida”, explica Ione.
O espetáculo começou a ser concebido antes da pandemia e o processo continuou de forma remota durante o período de isolamento. “Descobrimos infinitas possibilidades de criar cenas em vídeo usando somente os recursos que tínhamos em casa. Diante de um fundo verde, os atores gravavam as cenas usando as câmeras de seus próprios celulares. Posteriormente, editamos essas cenas e incluímos os atores em cenários diferentes”, diz Ione. Alguns trechos gravados neste período foram mantidos na montagem.
O espetáculo faz parte dos projetos que celebram o aniversário do CCBB RJ. Em 12 de outubro, o centro cultural faz 34 anos e tradicionalmente programa estreias teatrais, expositivas e de cinema para celebrar a data. Atividades para crianças também ocorrem para a ocasião.
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