Gabriel Haddad e Leonardo Bora apresentam instalação no Paço Imperial

Primeiros artistas do carnaval a vencerem o PIPA, um dos mais importantes prêmios da arte contemporânea brasileira, Gabriel Haddad e Leonardo Bora apresentarão a instalação inédita “Rebordar”, na mostra que reúne os vencedores da 16ª edição do PIPA e que será inaugurada neste sábado, dia 6 de setembro, das 15h às 19h, no Paço Imperial.…


Primeiros artistas do carnaval a vencerem o PIPA, um dos mais importantes prêmios da arte contemporânea brasileira, Gabriel Haddad e Leonardo Bora apresentarão a instalação inédita “Rebordar”, na mostra que reúne os vencedores da 16ª edição do PIPA e que será inaugurada neste sábado, dia 6 de setembro, das 15h às 19h, no Paço Imperial. Além de Bora e Haddad, a mostra contará com obras dos demais vencedores do prêmio: Andréa Hygino, Darks Miranda e Flávia Ventura. Às 16h30 será realizada uma roda de conversa com os artistas premiados.

Composta por 12 quilômetros de fios de malha, cordas, cordões, cabos de luz e tubos de plástico, utilizados para “costurar” um globo de ferro ao manto carnavalesco, a instalação “Rebordar”, de Bora e Haddad, também utiliza materiais como rendas, pastilhas, galões, franjas, espelhos, paetês, botões, fuxicos e placas de acetato, comumente utilizados no dia a dia dos ateliês que produzem o “maior espetáculo da Terra”. Juntamente com a instalação, os artistas também apresentarão um conjunto de desenhos de projetos de fantasias e carros alegóricos dos desfiles de 2018 e 2022.

“Rebordar” sintetiza vivências, memórias e materialidades carnavalescas: “A nossa estreia na Marquês de Sapucaí ocorreu em 2018, na Série Ouro, quando desenvolvemos, para a Acadêmicos do Cubango, o enredo ‘O Rei que Bordou o Mundo’, uma celebração poética de Arthur Bispo do Rosario. O desfile era encerrado com uma interpretação carnavalizada do Manto da Apresentação, veste ritual e obra de arte que literalmente norteou todo o processo criativo, uma vez que o símbolo escolhido para o enredo foi a bússola-mandala que está bordada no Manto de Bispo. Por uma série de motivos, aquele desfile, materializado com poucos recursos, indicou os caminhos estéticos e narrativos dos enredos que viríamos a desenvolver nos anos seguintes, principalmente ‘Fala Majeté, Sete Chaves de Exu!’, para a Acadêmicos do Grande Rio, em 2022. A vitória do desfile que exaltou as potências de Exu, num carnaval atípico, realizado após o trauma da pandemia, foi um acontecimento festivo, artístico, político e religioso muito poderoso. Exu se alimentava e religava o globo terrestre, na Comissão de Frente, naquela que se tornou uma das imagens mais marcantes da história recente do carnaval. Para nós, artistas que abraçam as vivências e que se entendem como andarilhos, tudo já estava escrito no manto giratório de 2018, no final de um desfile que era aberto por uma Comissão de Frente que também vestia capas e coroas de Exu. O PIPA nos fez pensar nessas circularidades – por isso decidimos elaborar uma instalação que conecta esses dois momentos criativos”, explica Haddad.

“O manto de 2018 é uma peça que já despertava indagações sobre a natureza das construções carnavalescas no barracão da Cubango, local onde começou a ser confeccionado, às margens da Avenida Brasil. Gosto de pensar na palavra “amarração”. As pessoas perguntavam se aquilo era uma escultura ou uma fantasia gigante e passavam horas nos ajudando a colar retalhos. Também escreviam os seus próprios nomes e anotavam pedidos diversos, ou seja, o manto passou a ser uma obra coletiva, um arquipélago de memórias, um grande ex-voto. No desfile, esse manto girava sem corpo, um manto-fantasma, a ausência e a presença do artista que celebrávamos. Ora, aquilo podia e pode ser muitas coisas. Agora, em 2025, conectamos os vestígios de 2018 a um globo de ferro que sintetiza a abertura do desfile que concebemos artisticamente para a Grande Rio, em 2022. A releitura do globo de Exu pode gerar múltiplas interpretações poéticas, o que nos reanima e dá novos significados às memórias que bordamos. É interessante pensar que o manto é uma espécie de palimpsesto, com palavras que se sobrepõem em diferentes tempos. Ele já recebeu materiais que sobraram do processo de feitura dos protótipos das fantasias que idealizamos para o desfile de 2026 da Unidos de Vila Isabel, ou seja, ele já é mensageiro do desfile futuro, habitado pelo amanhã. E esse jogo com as temporalidades, infinito e espiral, isso também é Exu!”, destaca Bora.

Serviço: Gabriel Haddad e Leonardo Bora – Exposição Prêmio PIPA 2025
Abertura: 6 de setembro de 2025, das 15h às 19h
Exposição: até 16 de novembro de 2025
Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial
Praça XV de Novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Terça a domingo e feriados, das 12h às 18h.
Entrada gratuita


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