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‘Arlo, o Menino Jacaré’ empondera com design 2D, musicalidade e uma mensagem de amor

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A Netflix começou a trilhar nas animações com Klaus (2019), que em breve se tornará um clássico; continuou relativamente bem com Os Irmãos Willoughby (2020), com um interessante trabalho de animação 3D; e concluiu seu segundo ano em produção animada com A Caminho da Lua (Beyond the Moon, 2020 ), que apesar de ser dirigido pelo veterano Glen Keane, é muito semelhante às produções contemporâneas mais convencionais dos grandes estúdios de Hollywood.

A mais nova animação do streaming, Arlo, o Menino Jacaré segue essa tendência, possui suas vantagens, em especial pela dublagem brasileira, mas repete a essência de outras produções.

Sabemos que o objetivo principal da Netflix e, portanto, do seu estúdio de animação, não é o interesse artístico, mas o seu volume de produção. O que o estreante como diretor Ryan Crego cumpre, que trabalhou no departamento de animação da DreamWorks (Nossa Casa – As Aventuras de Tip e Oh, O Natal do Shreck, Kung Fu Panda 2, O Gato de Botas), a animação é o ponto de partida de uma série que vai expandir as aventuras dos personagens aqui apresentados, intitulado I ❤️ Arlo.

A animação

Criei a história de Arlo e seus amigos há quase uma década e estou muito feliz por finalmente poder compartilhar esta aventura musical com o mundo. O Arlo é um personagem tão cheio de esperança… Ele esbanja positividade mesmo quando tudo parece que vai dar errado. O otimismo e a alegria transparecem em cada música do filme e da série, e não vemos a hora de ouvir o mundo inteiro cantando junto com o Arlo.” Ryan Crego, criador e diretor da animação.

Com isso em mente, que a nova animação é mais um episódio piloto de uma série em vez de um longa-metragem normal, limitando suas expectativas, assim aproveitará mais dessa inusitada animação, que traz questões referentes à sociabilização e integração de diferenças com empatia e sem preconceitos.

Nesse contexto, temos que apreciar especialmente o simpático personagem principal e a profusão de personagens secundários malucos, uma mistura de criaturas fantásticas, meio que párias e seres coloridos. Lembra muito as séries infantis Kipo e as Criaturas Incríveis (Netflix); Gravity Falls, A Casa Coruja (Disney+) …

A narrativa

Arlo, o menino jacaré traz a história de um jovem ruivo com aspecto crocodiliano, criado num pântano por sua mãe adotiva, uma humana, que descobre que foi achado numa cesta, proveniente de Nova Iorque, local que decide ir para conhecer seus pais verdadeiros.

De lá ele parte para uma jornada, leal e corajoso, acaba conhecendo um grupo bem heterogêneo: uma moça agigantada, um italiano em miniatura, uma bola de pelos falante, uma motorista felina e um peixe; todos com um design e uma estética em geral surreal, especialmente o pântano.

Esquisitices a parte, como a sátira noturna da alta sociedade nova-iorquina, o melhor está nas músicas, Arlo, o Menino Jacaré é um musical, temos a cada cinco minutos aproximadamente com algum personagem começa a cantar, seja para avançar ou não na trama ou para entender melhor as motivações dos personagens. Há uma vibração de Nova Orleans, que inclui tons de jazz, além de hip hop e o R&B também estejam presentes, mas a música é basicamente pop comercial, daquelas bem “chiclete, impossível de não cantarolar.

O cenário é suave, como um conto de fadas, desde o bayou onde Arlo cresce até as algas bioluminescentes de uma praia nas Carolinas. Uma animação 2D que colore com o mesmo brilho que Arlo sente ao se aventurar para fora de seu pântano pela primeira vez, encontrando coisas incríveis para ele, como um trem ou um sundae.

Com um roteiro tímido e um desenvolvimento bastante convencional, os personagens são subdesenvolvidos, que com certeza questões levantadas serão sanadas com a série, mas se analisaremos como um filme não fica legal. Parece que a narrativa pisa no freio, após a apresentação do núcleo de personagens, segue mais um  “lugar-comum” bem infanto juvenil sobre família, aceitação e diferenças.

O empodenramento é transmitido com ótimas mensagens sobre como amar e aceitar aqueles que são diferentes, aqueles que se sentem desajustados em nossa sociedade, dentro dos estereótipos LGBTQ.

A trilha sonora ajuda a compor o tema da identidade e da autoestima; brilha e diverte com cada. O protagonista realmente mostra o valor da lealdade em seu círculo íntimo.

Vale ouvir e comparar as canções no original com Michael J Woodard (American Idol) e na dublagem com Daniel Garcia (Gloria Groover); Mary Lambert/Lara Suleiman e Michael ‘Flea’ Balzary (Red Hot Chili Peppers)/Andre Sauer. As inspiracionais e sofisticadas “Beyond These Walls” / “Follow me Home” são cativantes.

Por fim, a mensagem que o jacarezinho e seu sentimento falam mais alto, lembrando muito a mesma sensação que encontramos em Steven Universo e mesmo deixando várias perguntas no ar, Arlo, o Menino Jacaré agradará toda a família como entretenimento e carisma peculiar.

Nota: Ótimo – 3.5 de 5

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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