Baseada na série literária de Isaac Asimov, cuja desafiadora história se passa ao longo de um milênio, “Foundation” (Fundação, no Brasil) está sendo adaptada de maneira bastante incrível por David S. Goyer e Josh Friedman para o streaming Apple TV+.
Já no primeiro episódio a série mostra a que veio, buscando inspiração em grandes clássicos do gênero, como Star Wars, 2001 Uma Odisséia no Espaço e Star Trek, para conseguir transpor o espectador para outro espaço/tempo.
A trama começa com o planeta Terminus, numa atmosfera para lá de Guerra nas Estrelas, onde somos apresentados à misteriosa Salvor Hardin (Leah Harvey). Noutra galáxia a jovem Gaal Dornick (Lou Llobell) decide deixar seu planeta, onde é proibido buscar conhecimento, após completar o desafio de Hari Seldon (Jared Harris), um matemático que desenvolveu a “psico-história” – uma ciência algorítmica que permite prever o futuro com base nas probabilidades. Somos ainda apresentados aos clones do Imperador, com destaque para o titular Irmão Dia (Lee Pace) e também assistente robótica imortal, Eto Demerzel (Laura Birn).
Hari Seldon e o Imperador estão em conflito após o matemático decretar a decadência do Império, que segundo a psico-história poderá levar centenas de anos, mas não será impedida. É no meio desta confusão que a jovem Gaal Dornick chega para trabalhar com Seldon, mal sabendo que o destino lhe aguarda grandes reviravoltas.
Fugindo de uma abordagem linear, a série se passa em tempos distintos do contínuo espaço-tempo, mostrando os eventos que desencadeiam os principais acontecimentos que levam ao plano de Hari Seldon e também suas repercussões décadas seguintes. Ainda que demore um pouco para entender o que está realmente acontecendo – possivelmente uma boa parte da primeira temporada, a escolha se mostra acertada para introduzir os diferentes personagens e suas respectivas trajetórias.
Além da excelente qualidade visual, com fotografia e efeitos especiais competentes, o elenco e atuações também são destaque positivo. Neste sentido os episódios também ajudam com o desenvolvimento de cada personagem principal da trama, cativando inclusive aqueles cuja personalidade possuem natureza dúbia.
Com qualidade técnica impecável, o único problema visível de Fundação é o enorme desafio de transformar a extensa obra de Asimov, que percorre milhares de páginas em diversos livros, numa aventura para acompanhar em poucos episódios televisivos. Ainda mais pelo fato de Asimov ser um autor tão distinto, cuja inventividade não parece ser deste planeta. Não é a toa que segundo relatos informais, os produtores David S. Goyer e Josh Friedman pensam em desenvolver a trama em ao menos oito temporadas. Com isto a primeira temporada se distancia da obra original e acaba se tornando uma longa introdução, por vezes patinando para conseguir dar coesão e segurar o espectador na trama.
Renovada para uma segunda temporada, vale aguardar o que o futuro promete para a Fundação. Um prato cheio para quem é fã de ficção-científica e mesmo do estilo fantástico de Isaac Asimov.
As histórias pessoais de Gaal (Lou Llobell) e Salvor (Leah Harvey), de Dawn (Cassian Bilton) e do sinistro e intrigante Day (Lee Pace), alem de Demerzel (Laura Born) envolvem demais. Já aguardando a próxima temporada