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Jazz latino de Andrey Gonçalves explora formas geométricas multicoloridas

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O CD de estreia do contrabaixista capixaba Andrey Gonçalves, “Nocturnal Geometries”, é um achado que gruda nos ouvidos. Nos Estados Unidos há oito anos, Andrey cursa doutorado em Jazz e Educação Musical pela Universidade de Illinois. O repertório do álbum foi construído ao longo de um ano, e teve a orientação de seu professor, Jim Pugh, que foi mestre de ninguém menos que o lendário Chick Corea, morto em 2021.

Durante esse tempo nos EUA, o músico acumulou experiência gravando com diversos artistas em estúdio (27 álbuns no total) e ainda produziu 5 discos e compôs trilha sonora para 3 jogos de videogame. Entre os nomes com quem já gravou estão Frank Gambale, Alain Broadbent e Denis DiBlasio. A trajetória deu sustentação para a produção do trabalho autoral.

“Durante um ano, eu compus todas as semanas, geralmente à noite, no silêncio do meu quarto.” revela Andrey. Sobre o conceito do álbum, ele diz: “Era eu, o piano, o lápis e a partitura. Reparei que as técnicas que estava estudando tinham nomes ou conceitos geométricos: quadrad, pentatonic, octatonic”.

‘Quadrad’, que abre o disco, assim como a faixa seguinte, ‘This Is Not A Blues’, mostra sofisticação e um preciso entrosamento entre os instrumentos. ‘Anna and the Moon’ segue com languidez uma cadência suave, enquanto ‘Waterfall For A Cubist Passion’ finca as mãos no jazz tradicional.

‘The Tree Of All Inventions’ abre bastante espaço para experimento. ‘Octatonic Lullaby’ traz um meticuloso trabalho dos instrumentos de sopro pavimentando caminho para um vigoroso solo de baixo. ‘Mancada’ fecha o álbum carregando a mão no tempero brasileiro. Aqui a técnica se entrega à festa sem absolutamente nenhum pudor.

A banda de Andrey, que toca contrabaixo e baixo elétrico, conta com Kurt Reeder no piano, Andy Wheelock na bateria, Robert Brooks no saxofone tenor, Robert Sears no trompete e Ethan Evans no trombone.

Com esse time, Andrey gravou as 7 faixas no Unit One Studios em Urbana, Illinois. As sessões se deram entre os dias 18 e 19 de janeiro de 2019. Os músicos vêm das cenas jazz de Chicago, Utah, Detroit, West Virginia e Denver.

Andrey explica que as sessões foram rápidas porque optaram por gravar ao vivo fazendo a leitura à primeira vista, extraindo assim uma maior espontaneidade.

“Nocturnal Geometries” mostra como explorar as formas geométricas com a música, e a excelência técnica não impede mostrar o quão multicoloridas são essas formas. um disco de contemplação, mas com toda a leveza e despojamento do experimental. Eivado de nuances, requer várias audições atentas para descobrir novos tons e variações a cada vez que se ouve.

Nota: Excelente – 4 de 5 estrelas 

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