Luxo e ambição marcam a terceira temporada de “A Idade Dourada”

A novela de época de todo domingo da HBO voltou com mais oito episódios cheios de intriga e romance. Aperte seu espartilho e pegue seu mais bonito chapéu, porque “A Idade Dourada” chegou à sua terceira temporada. A enlutada Ada (Cynthia Nixon), agora atendendo pelo nome de Sra Forte, passa a ser a efetiva dona…


A novela de época de todo domingo da HBO voltou com mais oito episódios cheios de intriga e romance. Aperte seu espartilho e pegue seu mais bonito chapéu, porque “A Idade Dourada” chegou à sua terceira temporada.

A enlutada Ada (Cynthia Nixon), agora atendendo pelo nome de Sra Forte, passa a ser a efetiva dona da casa, com mando e dinheiro após a derrocada financeira da irmã Agnes (Christine Baranski), que nesta temporada se vê importunada por uma representante insistente da Sociedade do Patrimônio de Nova York. Ada se envolve no movimento pró-temperança, isto é, contra o comércio e consumo de quaisquer bebidas alcoólicas. Ao fornecer um compromisso de sobriedade para os empregados, Ada perceberá que ainda não é ela quem manda de fato naquela mansão.

Uma personagem que ganha destaque é Gladys (Taissa Farmiga), pressionada por um lado pela mãe a se casar com o duque de Buckingham e por outro lado desejosa de ficar com o homem que ama, Billy Carlton (Matt Walker). O sobrenome da atriz não mente: é irmã mais nova de Vera Farmiga. Tendo começado a carreira aos 17 anos em 2011 no primeiro filme dirigido pela irmã, foi na mesma época, ao participar das primeiras temporadas de “American Horror Story”, que estourou de fato.

Outra personagem que sai das sombras é Aurora Fane (Kelli O’Hara), cujo marido exige um divórcio que a colocará no ostracismo – o “flagelo do divórcio” sendo uma mácula eterna, como provado por outra personagem, Charlotte Drayton (Hannah Shealy). Outro escândalo da alta sociedade vem através de um livro escrito por Ward McAllister (Nathan Lane) que critica as madames nova-iorquinas, sem citar nomes, mas, entre elas, sabem quem é cada uma das personagens.

Romances não menos complicados são reservados para os vizinhos Marian Brook (Louisa Jacobson) e Larry Russell (Harry Richardson) e para Peggy Scott (Denée Benton) e o médico que cuidou dela quando teve uma gripe forte, William Kirkland (Jordan Donica). Os problemas enfrentados por esses pombinhos: enquanto Marian e Larry precisam manter a discrição para evitar a desaprovação de suas famílias, a mãe de William, uma negra de tez clara, se mostra prepotente e despreza a família de Peggy. Elas entram em atrito diversas vezes, inclusive quando entra em cena a sufragista Frances Ellen Watkins Harper: Peggy está entusiasmada na campanha pelo voto das mulheres, enquanto a mãe de William acredita que ele não é necessário, haja vista que a “missão” da mulher é educar a próxima geração.

A cumplicidade dos irmãos Larry e Gladys é bonita de se ver. Assistimos a Gladys desabrochando e não aceitando mais levar desaforo para casa, tal como sempre fez sua mãe, Bertha (Carrie Coon). Larry está envolvido também, lembremo-nos da temporada anterior, com o financiamento de um despertador inventado por Jack (Ben Ahlers), criado da senhora Van Rhijn.

Há alguns meses vi uma produção que pode ter inspirado “A Idade Dourada”: o ganhador do Oscar de Melhor Filme de 1933,Cavalgada. Nele, assim como na série, é dada a mesma importância para os dramas de patrões e empregados e os personagens são afetados por acontecimentos da vida real. Sim, a influência mais óbvia e notada pela maioria dos espectadores é “Downton Abbey”, do mesmo criador e roteirista Julian Fellowes, mas seria interessante se este obscuro ganhador do Oscar – considerados por alguns até o pior entre os laureados com o troféu de Melhor Filme, mas não é para tanto – fosse também uma inspiração.

Na época em que se passa a série, os papéis de gênero eram bem divididos, sem sobreposição, ao menos não na alta sociedade. Os homens trabalhavam fora, tirando do seu suor o sustento da casa. As mulheres ficavam em casa bordando e lendo. Quando se prestavam a fazer algo mais, como ser anfitriãs de palestras – como a da sufragista que vemos no penúltimo episódio da temporada – ou de bailes, seus dramas e esforços eram vistos como menores que os dos homens em suas atividades e negócios.

Outra mudança de época vem na forma como os conflitos são resolvidos. Em momentos de tensão, um diálogo ferino, com críticas veladas ou nem tanto, mas sempre com ironia e finesse, pode ser a solução. Nos dias atuais, a vontade do espectador moderno é avançar naquela personagem desagradável, ofídica, e não destilar veneno com algumas palavrinhas. Isso acontece diversas vezes ao longo da temporada.

A audiência de “A Idade Dourada” cresceu continuamente durante esta terceira temporada, o que garantiu sua renovação. Esta temporada teve muito luxo nos eventos da alta sociedade e também atos ambiciosos vindos de diversos personagens. O que o futuro reservará a nós e a eles? Só ficando de olho na programação da HBO para conferir.

NOTA 8 de 10

A Idade Dourada – 3a Temporada

A Idade Dourada – 3a Temporada
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Nota: 8/10
Nota: 8/10
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