Quando abri Neon Apex: Beyond the Limit, confesso: senti aquele frio na barriga que só os grandes jogos provocam. A estética é um espetáculo à parte — um cyberpunk vibrante, com motos e carros que parecem ter saído direto de um delírio entre Akira e F-Zero. E o melhor: apesar da correria desenfreada, não senti nem um pingo de cinetose (aquela sensação de enjoo provocada por movimento, comum em jogos com muita velocidade e câmera solta).
Mas como todo bom trailer de filme ruim, a empolgação durou pouco.
Logo nos primeiros minutos, percebi que o jogo parece ter sido maquiado para impressionar no início. A sensação é de que ele foi lançado antes da hora, com uma camada de verniz nos primeiros trechos para esconder o que viria depois: bugs, colisões sem lógica e um desequilíbrio gritante entre a velocidade das motos e dos carros. Enquanto os carros parecem estar em uma corrida de domingo, as motos voam como se tivessem saído de um episódio de Speed Racer com esteroides.
E aí vem o trailer — aquele que me fez acreditar que o jogo tinha mais camadas. Vi uma mecânica de luta entre pilotos, algo que poderia ser interessante se não parecesse uma versão beta de Street Chaves ou um episódio mal animado de Terrance e Phillip. Infelizmente (ou felizmente?), não cheguei nesse ponto. A vontade de continuar jogando evaporou antes disso.
A trilha sonora? Genérica. Mais genérica que dipirona de farmácia popular. Um desperdício, considerando o potencial estético e temático do jogo. A ambientação pedia algo pulsante, memorável, talvez até experimental. Mas o que recebemos foi um fundo musical que parece ter sido gerado por IA com preguiça.
Neon Apex: Beyond the Limit é um jogo que tem tudo para ir longe — mas tropeça nos próprios cadarços. Faltou algo. Tempo? Dinheiro? Comprometimento? Vai saber. O que sei é que, por enquanto, ele corre atrás de um limite que ainda está bem distante.
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