O Truque do Amor (originalmente Mica è Colpa Mia), dirigido por Umberto Riccioni Carteni (1970), é uma comédia romântica, direto da Itália, que tenta equilibrar humor, romance e um pouco de caos, mas acaba tropeçando em sua própria ambição. Com uma premissa que promete enganos, mentiras e situações hilárias, o filme se passa em Nápoles e acompanha dois irmãos, Vito e Antone, que se veem envolvidos em uma série de artimanhas para salvar seu apartamento decadente de ser tomado por um desenvolvedor imobiliário. A solução? Enganar Marina, a poderosa executiva por trás da empresa, em um esquema que mistura romance e trapaça.
A ideia central do filme é cativante e tem potencial para ser uma comédia romântica divertida e cheia de reviravoltas. No entanto, O Truque do Amor peca pela falta de profundidade e desenvolvimento dos personagens. Vito (Antonio Folleto), um pai solteiro que trabalha como faxineiro, e Antonello (Vicenzo Nemolato), um vendedor de celulares falsos, são apresentados como figuras caricatas, quase sem nuances. A dinâmica entre os dois irmãos, que poderia ser o coração da história, é pouco explorada, deixando o público sem entender completamente suas motivações ou o que os levou à situação precária em que se encontram.
A trama gira em torno do plano dos irmãos para enganar Marina, interpretada de forma competente por Laura Adriani. Apesar de ser uma mulher poderosa e inteligente, Marina cai facilmente nas mentiras de Vito, que assume uma identidade falsa para se aproximar dela. A falta de desconfiança por parte dela é um dos pontos mais fracos do filme, já que torna a narrativa pouco crível. A química entre os personagens principais é forçada, e as cenas que deveriam construir o romance são bem clichê.
Um dos maiores problemas de O Truque do Amor é o ritmo acelerado e a falta de cuidado com os detalhes. O filme joga o espectador direto no meio do caos, sem oferecer um contexto sólido ou um desenvolvimento gradual dos eventos. Isso faz com que as situações cômicas pareçam exageradas e desconectadas da realidade, perdendo parte de seu impacto. Além disso, as cenas obrigatórias romanticas, como passeios divertidos e momentos de conexão emocional, parecem mecânicas e sem alma, como se fossem apenas uma lista de tarefas a serem cumpridas.
A direção de Carteni tenta capturar o charme e a vibração de Nápoles, mas acaba se perdendo em uma narrativa superficial. A fotografia e a trilha sonora são pontos positivos, mas não são suficientes para salvar o filme de sua falta de originalidade e profundidade. A comédia, que deveria ser o ponto forte, muitas vezes cai no lugar-comum, com piadas que não atingem o alvo e situações que parecem repetitivas.
O Truque do Amor é uma comédia romântica que promete muito, mas entrega pouco. Apesar de ter uma premissa interessante e um cenário encantador, o filme falha em desenvolver seus personagens e em criar uma narrativa envolvente. Para fãs do gênero, pode ser uma opção leve para uma noite de entretenimento, mas não espere nada além de uma história previsível e personagens pouco memoráveis. Uma oportunidade perdida de explorar temas como família, amor e redenção de forma mais significativa.
NOTA: 4,5