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Olhar indiscreto (2023), uma minissérie softcore frágil da Netflix/Brasil

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Miranda é uma hacker profissional que gosta de espionar os casos amorosos de sua vizinha, uma bela prostituta. Um dia ela vai se relacionar com um de seus clientes, o charmoso Fernando. No entanto, o relacionamento a arrastará para um mistério que colocará em risco sua própria vida.

Uma das ambiciosas produções da Netflix-Brasil, Olhar Indiscreto ( Lady Voyeur, 2023), prova o quanto – e como – os temas mais básicos do thriller, em seu aspecto erótico, exerceram grande influência na narrativa.

A série tem um total de 10 episódios,criada por Marcela Citterio e tem direção de três diretoras famosas – Luciana Oliveira (O Sétimo Guardião), Fabrizia Pinto (Ziraldo – Era uma Vez um Menino) e Laticia Veiga (Bem Me Quer).

A trama: um hacker e uma família cheia de segredos

No centro da história encontramos uma jovem hacker, Miranda (Débora Nascimento), uma mulher com um passado obscuro que vive sozinha. Como voyeur começa a vivenciar as aventuras sexuais de sua vizinha, Cléo (Emanuelle Araújo), uma bela prostituta. E nesse lance de espionar a vizinha e filmar seus encontros amorosos, acaba um de seus clientes que a mulher sente uma atração muito forte e que espera rever todas as sextas-feiras.

Será por meio dele que Miranda se envolverá em um perigoso mistério: um dia Cleo passa um fim de semana com um cliente e pede à mulher que cuide de seu cachorro e de seu apartamento enquanto estiver fora. Quando ela está na casa da vizinha, o cliente acaba confundindo-a com Cléo.

Miranda descobrirá então que Fernando (Nikolas Antunes), faz parte de uma das famílias mais prestigiadas da cidade e que envolverá Miranda em uma intriga muito perigosa.

Um elenco legal de se ver, mas…

Como inicialmente prevíamos, a minissérie parte das premissas do thriller erótico que logo no entanto conduz à dinâmica mais clássica da telenovela: reviravoltas extremamente arriscadas, relacionamentos familiares disfuncionais, trocas de casais e ligações intermináveis. 

Tudo isso, apresentado por um elenco de gente bonita que – infelizmente – não tem muito a oferecer em termos de atuação. A protagonista Débora Nascimento dá tudo de si no papel, mas não consegue ser particularmente credível no papel de uma hacker atormentada, no auge da paixão por um (ou mais) dos seus colegas de elenco.

 Embora a série progressivamente ganhar mais profundidade, revelando lentamente os lados sombrios de seu passado, Miranda continua a ser uma personagem bastante plana e com a qual o espectador não consegue criar sabe-se lá que envolvimento emocional. O mesmo vale para todos os outros personagens, sem dúvida bonitos de se ver, mas não particularmente emocionantes de acompanhar em suas “aventuras”.

Uma novela picante

No fundo, Olhar Indiscreto não passa de um thriller erótico em formato de novela sofisticada. Uma tentativa frustrada de assimilar os elementos de Cinquenta Tons de Cinza (2015), em que o suposto “escândalo” repousa, na verdade, sobre um conservadorismo sexual latino-americano, ainda pudico , onde os “segredos” (infidelidades, triângulos amorosos e até incesto) prevalecem sobre sua qualidade cinematográfica, sim, com uma ideia criminosa -tráfico de pessoas-, que o aproxima da exploração óbvia, do que uma verdadeira denúncia social.

Olhar indiscreto

Olhar indiscreto
4 10 0 1
Nota: Ruim 4/10 Estrelas
Nota: Ruim 4/10 Estrelas
4/10
Total Score iNota: Ruim 4/10 Estrelas
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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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