Paulo Rezzutti traz intimidade dos últimos Románov em novo título

O novo livro de Paulo Rezzutti, Os Últimos Czares – Uma Breve História não-contada dos Románov, publicado pela Leya, é sobre a conhecida história da tragédia da família Romanov no início da Rússia moderna. Muitos livros, textos, filmes, séries, inclusive uma série mais recente pela Netflix, abordaram o final trágico da família imperial.

Amor e ódio, fé e paixões, vida e sangue, poder e morte resumiriam bem os Romanovs, mas ainda há muito mais o que falar sobre eles. De um lado, reis, rainhas, intrigas palacianas e luxo, muito luxo. Do outro, fome, miséria, palavras de ordem exigindo justiça social, revolucionários, lutas e morte. Sonho de um lado e realidade do outro? Um revolucionário diria que a construção de uma nova realidade passa por sonhá-la.

Fato é que dos contos de fadas às monarquias ao longo da história, a vida da realeza, com seus símbolos, riqueza, luxo e rituais, sempre estiveram no imaginário da humanidade nas mais diversas culturas. Da mesma forma, as hordas revolucionárias, com suas marchas, protestos e motins, que tentam romper de forma abrupta a ordem política e social estabelecida, também povoam o nosso imaginário num misto de admiração e pavor, habitando os nossos sonhos e pesadelos.

Neste livro, o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti junta os dois lados dessa moeda numa história só: a da família Romanov, os últimos czares da Rússia imperial, que foram presos e depostos do poder pelos bolcheviques durante a revolução de outubro de 1917 e assassinados em 1918, nos apresentando, ainda, um belíssimo caderno de fotos, com imagens inéditas ao público brasileiro, registrando o cotidiano da família real.

Durante décadas, o desaparecimento de Nicolau II, sua mulher, Alexandra, e seus cinco filhos, Tatiana, Anastácia, Maria, Olga e Alexei, foi um dos maiores mistérios do século XX, com direito a uma infinidade de boatos e versões sobre o que realmente teria acontecido com os Romanovs e ao aparecimento, em vários lugares do mundo, de supostos membros da família, que teriam sobrevivido ao seu destino trágico.

Análise

No título, o autor se interessa nas vidas privadas, focando no entorno do último monarca russo, Nicolau II e sua família, de sua infância a execução pelos bolcheviques. Segundo Rezzutti, a tragédia foi proporcional em magnitude ao poder, à riqueza e ao glamour pelos quais ficaram conhecidos e que incendeiam, há gerações, a imaginação de milhares de pessoas. Numa era de incerteza que levou ao colapso de um dos maior impérios que já existiu.

Com uma linguagem bem característica de Rezzutti que envereda cuidadosamente na intimidade da família: sua genealogia, os parentescos com as famílias reais europeias; seus apelidos, os afetos e intrigas familiares, seu cotidiano. Sobre as joias, perfumes, bailes, animais de estimação, etc, tudo com fotos que demonstram que o glamour não evidenciava o despreparo e a insegurança do czar Nicolau II.

Uma narrativa empolgante dessa história complicada e suas personalidades intrigantes. As mortes e enterros secretos dos Romanov alimentaram rumores e especulações durante décadas, até que a tecnologia moderna e novas informações resolveram os mistérios.

Uma variedade de fotografias adiciona uma dimensão visual sólida, o autor escreve bem, de maneira didática faz uma introdução aos Romanov, mas para quem tem conhecimento sobre a tragédia ou já estudou não indicamos pois o conteúdo do livro é bem superficial, sem muitos aprofundamentos, dentro de sua proposta.

Com informações detalhadas, uma grande variedade de imagens e um texto envolvente, Os últimos czares é o primeiro volume da nova série de Paulo Rezzutti, “Uma breve história não contada”, que editará em formato de livro as lives mais assistidas no canal do autor no YouTube. Ao traçar a trajetória da vida de Nicolau II e Alexandra até a queda final da dinastia Romanov, este livro é um convite a um mergulho numa época de grandes contradições e transformações, cujos ecos se ouvem até os dias de hoje.

Nota: Ótimo – 3.5 de 5 estrelas

Sair da versão mobile