A peça ‘Filhote de Cruz-Credo’ traz bela montagem de texto de Fabrício Carpinejar

Filhote de Cruz-credo – A triste História Alegre de Meus Apelidos é o livro de Fabrício Carpinejar que acaba de ser adaptado lindamente para os palcos, em peça que estreou dia 10 de julho no palco do Oi Futuro Flamengo com direção de Isaac Bernat.

O excelente texto gira em torno da infância de Carpinejar e sua jornada de crescimento e amadurecimento com os apelidos muitas vezes ofensivos que recebia dos amigos durante a infância. Eduardo Katz, produtor e ator da peça, se interessou pela história na primeira leitura do livro, que devorou inteiro na livraria, conseguindo êxito em transportar para os palcos a história do personagem Fabrício.

A peça, ao mesmo tempo delicada e irreverente, traz o próprio Eduardo, como protagonista, e Priscila Assum e João Lucas Romero revesando-se em diversos personagens, formando um elenco afinado, com tiradas hilárias e momentos de comoção maior. O público, ao ir entrando, é recebido em um clima alegre e musical, e é imediatamente incluído na história com a temática dos apelidos, sendo convidado a preencher num papelzinho branco seu próprio apelido, que será depositado em uma urna. O desfecho dado a essa urna é uma das joias de delicadeza que a peça oferece, mas só mesmo assistindo para saber.

Após esse preâmbulo caloroso, a história começa mostrando o nascimento do personagem Fabrício, vivido por Eduardo Katz, e sua mãe, que a princípio estranha sua feiúra e se pergunta se há alguma doença que justifique a aparência do menino. Não é à toa que ela o leva ao médico algumas vezes para fazer exames do crânio ou da cabeça, em busca de uma explicação que a apazigue essa dúvida. No entanto, em nenhum momento isso é feito de forma hostil e o estranhamento inicial logo dá lugar a um amor incondicional.

A partir daí, a história gira em torno das dificuldade que o personagem Fabrício irá enfrentar na escola, com os amigos, no interior da própria família (há sempre aquelas tias que perdem a oportunidade de ficarem caladas), mostrando como ele vai construindo uma maneira diferente de lidar com todas as referências indelicadas à sua aparência e como ele vai superando essas dificuldades. Como aponta Eduardo Katz, “É também uma história de construção de autoestima e descoberta do senso de humor. Ou seja, de aprender a aceitar e até achar graça das nossas feiuras e imperfeições”.

A direção musical de Charles Kahn traz trilha sonora exclusiva do repertório do Tremendão, e o elenco está excelente na interpretação das músicas de Erasmo Carlos, que dão ainda mais vida ao espetáculo, que acerta no belo cenário, de Doris Rollemberg, assim como no figurino, assinado por Desirée Bastos.

A direção de movimento, de Michel Robim, também é ponto positivo no espetáculo, permitindo que a dinâmica das coreografias sejam intercaladas com as cenas de maneira harmônica, sempre mantendo o interesse do espectador na história. O programa é interessante tanto para as crianças, como para os adultos que as acompanharem, e a peça fica em cartaz até 25 de setembro.

Ficha Técnica:

Texto: Fabrício Carpinejar

Primeira adaptação: Bob Bahlis

Idealização e readaptação: Eduardo Katz

Direção: Isaac Bernat

Assistente de direção: Kika Werner

Elenco: Eduardo Katz, Priscila Assum e João Lucas Romero.

Cenário: Doris Rollemberg

Figurino: Desirée Bastos

Visagismo: Mona Magalhães

Direção musical: Charles Kahn

Diretor de Movimento: Michel Robim

Iluminação: Aurélio de Simoni

Direção de Produção: Jenny Mezencio

SERVIÇO:

Filhote de Cruz-credo – A Triste História Alegre de Meus Apelidos

Local: Oi Futuro (R. Dois de Dezembro, 63 – Flamengo)

Telefone: (21) 3131-3060

Dias e horários: sábado e domingo, às 16h

Preço: R$10 (meia) e R$20 (inteira)

Lotação do teatro: 63 lugares

Duração: 1 hora

Classificação indicativa: livre

Funcionamento da bilheteria: De terça a domingo, das 14h às 20h.

Ingressos à venda: www.ingresso.com

Temporada: de 10 de julho a 25 de setembro

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