Som da Liberdade é um dos assuntos mais falados do cinema atual, não por ser um baseado na história real de Tim Ballard, um ex-agente federal que se dedicou ao resgate de crianças traficadas, mas pelo viés cristão que apresenta uma narrativa (quase) religiosa.
O filme é estrelado por Jim Caviezel – de A Paixão de Cristo – como Ballard e Mira Sorvino como sua esposa, Kari. O filme começa com Ballard resgatando um menino chamado Luis de um bordel na Colômbia. Ballard descobre que Luis tem uma irmã, Sofia, que ainda está em cativeiro. Ballard decide então embarcar em uma missão perigosa para salvar Sofia, mesmo sabendo que isso pode lhe custar a vida.
Som da Liberdade é um filme bem-intencionado que lança luz sobre a importante questão do tráfico de crianças. No entanto, o filme apresenta algumas falhas. Primeiro, o filme é incrivelmente melodramático. Ballard é retratado como uma figura santa que está disposta a sacrificar tudo para salvar crianças traficadas – quando na realidade o verdadeiro Ballard é uma figura mais complexa, que no mínimo poderia ser criticada pelos seus métodos.
O filme é simplista na representação do tráfico de crianças. Temos aquela velha dicotomia do bem contra o mal: os traficantes são retratados como vilões unidimensionais, enquanto as vítimas são retratadas como anjos inocentes e o resgate como uma solução, quando no entanto, muitos especialistas antitráfico alertam que as operações de resgate podem ser perigosas acabam por colocar as vítimas em risco.
Apesar de suas falhas, Som da Liberdade é um filme poderoso que certamente emocionará o público. Principalmente pelo seu viés cristão, que sem dúvidas é um ponto positivo para as pessoas de fé curtirem o filme e suas referências à religião cristã. Como Cristo, Tim Ballard é um homem que sente por todos. Outra referência religiosa é São Timóteo, apelido que Tim Ballard recebe no filme após uma das crianças hondurenhas que ele resgata do tráfico internacional de menores aparecer com uma medalhinha do santo – com Tim passando a ser chamado em espanhol de Timotéo.
Como um missionário disfarçado de soldado, o filme refaz o trajeto dos jesuítas pela América Latina, com uma clara mensagem de que o pecado dos homens não é apenas uma questão mundana, mas sim uma missão espiritual.