Com trabalhos apresentados em festivais nacionais e internacionais, dançarina, performer e coreógrafa, Marta Soares apresenta mostra de seu seus espetáculos mais premiados no projeto de circulação e criação Feminino Informe. A proposta édar continuidade e aprofundamento à trajetória de pesquisa e desenvolvimento da linguagem artística que vem realizando desde 1995. A programação tem o apoio do 35º Programa de Fomento a Dança, que consiste na manutenção do seu núcleo artístico com a circulação de quatro espetáculos, em 24 apresentações com ingressos gratuitos ou preços populares. São eles: Les Poupées (Prêmio APCA 1996) com seis apresentações (15 a 20 de setembro), Bondages em versão solo (Prêmio Denilto Gomes 2017) com seis apresentações (4 a 9 de outubro) e a estreia de Bondages em versão trio, com seis apresentações (15 a 20 de novembro) serão apresentados na Cúpula do Theatro Municipal.
No oitavo pavimento do edifício centenário fica o salão circular, com 12,5 m de altura entre o tablado e o ponto mais alto do telhado. É lá que Marta Soares estará. Prêmio APCA 2004, O Banho encerra o projeto da artista com seis apresentações em espaço a ser definido em breve.
Núcleo que atua na cidade de São Paulo desde 1995, Marta Soares e Cia vem realizando pesquisa de vanguarda em dança. Seu objeto de investigação são as possibilidades de interseções entre a dança, as artes visuais, a arte performática e a música com frequência no formato imersivo “instalação coreográfica”.
Sobre as obras
Essas obras abordam questões relacionadas ao feminino a partir, entre outros, do conceito “inconsciente físico” desenvolvido pelo fotógrafo surrealista alemão Hans Bellmer. O qual, de uma maneira breve, seriam os caminhos que os desejos inconscientes percorrem pelo corpo. Bellmer procurava incessantemente em suas fotografias, ao virar o corpo ao avesso para expor os mecanismos dos desejos humanos, revelar a relação entre o dentro e o fora do mesmo. Como também, a partir do conceito “informe” segundo o sociólogo francês Georges Bataille ao transgredir a lógica formalda distinção de oposições categóricas do corpo como dentro/fora, figura/fundo, homem/mulher, morto/vivo e animado/inanimadopara refletir sobre a condição do sujeito na contemporaneidade. As questões relacionadas ao feminino são abordadas na obra da Marta Soares e Cia. a partir da fricção e do embate entre as esferas micro e macro políticas. As quais são investigadas a partir das suas vivências como mulher, brasileira, artista da dança e, meia idade, ou seja, através de conteúdos históricos e biográficos atualizados ao momento presente.
ESPETÁCULOS
“Les Poupées”
Concebido, dirigido e interpretado por Marta Soares, o solo de dança “Les Poupées” tem como ponto de partida as fotografias de bonecas realizadas pelo fotógrafo surrealista alemão Hans Bellmer que foi influenciado pelos contos de E.T.A. Hoffman, em especial pelo conto “O Homem de Areia” que deu origem ao ballet Copélia, pelos movimentos dadaísta e surrealista e pelos experimentos psicanalíticos realizados no início do século XX por Charcot e Freud com pacientes histéricas. Bellmer buscava ao fotografar as suas bonecas, as quais montava, desmontava e remontava, o que ele determinou como “inconsciente físico” que, de uma forma breve, seriam os caminhos que os desejos inconscientes percorrem pelo corpo. Inspirado pelas fotografias de Hans Bellmer e pelas fontes internas da sua criadora o solo “Les Poupées” também explora,ao transgredir a lógica formalda distinção de oposições categóricas no corpo como dentro/fora, figura/fundo, homem/mulher, morto/vivo e animado/inanimado, o conceito “informe” segundo o sociólogo francês Georges Bataillepara refletir sobre a condição do sujeito na contemporaneidade.
Ficha Técnica “Les Poupées”
Concepção e Direção – Marta Soares. Coreografia e Interpretação – Marta Soares. Figurino – Marta Soares. Desenho de Luz – Beto de Faria. Trilha Sonora – Marta Soares. Objetos Cênicos – Marta Soares. Produção – CAIS Produção Cultural. José Renato F. de Almeida e Beto de Faria. Realizado com o apoio da Bolsa Rede Stagium 1997. Recebeu o Prêmio APCA 1997. Duração: 40 minutos. Classificação: livre
***
“Bondages” (versão solo)
O espetáculo “Bondages” tem como ponto de partida a série fotográfica “Amarrações” desenvolvida pelo fotógrafo surrealista alemão Hans Bellmer nos anos 50. A qual teve como objetivo submeter o corpo feminino à uma experimentação direta. Nela, Bellmer amarrou o corpo nu da sua parceira Unica Zurn e fotografou as várias dobras que se formaram de diferentes pontos de vista. O seu objetivo principal foi a remodelação do corpo, operação que ele já havia realizado nos seus desenhos de Unica mais de dez anos antes. Na cena, em cima de uma plataforma, Marta Soares explora amarrações com um fio de nylon no seu próprio corpo. Cada movimento gera uma nova pose que é iluminada por um flash de luz estimulando um olhar fotográfico para o espetáculo. E, propõem uma reencenação do ato fotográfico que Bellmer realizou no corpo de Única Zurn, mas também, uma desfetichização desse ato, ao, como mulher, amarrar-se a si mesma
Ficha Técnica “Bondages” (versão solo)
Concepção e Direção – Marta Soares. Performance – Marta Soares. Dramaturgia – Bruno Levorin. Desenho de Luz – Aline Santini. Objeto Cênico – Guilherme Pardini e Marcelo Venzon. Produção – CAIS Produção Cultural. José Renato F. de Almeida e Beto de Faria. Duração: 40 minutos. Classificação: a definir junto ao Teatro Municipal contém nudez. Realizado com o apoio do Programa Municipal de Fomento a Dança para a Cidade de São Paulo. Recebeu o Prêmio Denilto Gomes de Dança 2017 e foi indicado ao Prêmio da Revista BRAVO 2017! Agradecimento: a Danielli Mendes pela sua participação imprescindível como assistente de ensaio durante a criação da obra e temporada de estreia desta.
***
“Bondages” (versão trio) – Nova Criação
O espetáculo “Bondages” versão grupo será um desdobramento no formato trio do espetáculo “Bondages” versão solo. E, como este último também terá como ponto de partida a série fotográfica “Amarrações” desenvolvida pelo fotógrafo surrealista alemão Hans Bellmer nos anos 50. A qual teve como objetivo submeter o corpo feminino a uma experimentação direta. Nela Bellmer amarrou o corpo nu da sua parceira Unica Zurn e fotografou as várias dobras que se formaram de diferentes pontos de vista. O seu objetivo principal foi a remodelação do corpo, operação que ele já havia realizado nos seus desenhos de Única mais de dez anos antes. Na cena, em cima de plataformas, as performers explorarão amarrações com um fio de nylon nos seus próprios corpos. Cada movimento gerará uma nova pose propondo uma reencenação do ato fotográfico que Bellmer realizou no corpo de Única Zurn, mas também, uma desfetichização desse ato, ao, como mulheres, amarrarem-se a si mesmas. O desenho de luz será criado por Aline Santini e o desenho de som por Lívio Tragtenberg.
Ficha Técnica “Bondages” (versão trio)
Concepção e Direção – Marta Soares. Intérpretes – definir. Desenho de Luz – Aline Santini. Desenho de Som – Lívio Tragtenberg. Espaço Cenográfico a definir. Produção – CAIS Produção Cultural. José Renato F. de Almeida e Beto de Faria. Duração: cerca de 60 minutos Classificação: a definir junto ao Teatro Municipal, contém nudez. Realizado com o apoio do Programa Municipal de Fomento a Dança para a Cidade de São Paulo
***
“O Banho”
A instalação coreográfica “O Banho” é uma reflexão sobre as questões propostas pela vida de Dona Sebastiana de Mello Freire, Dona Yayá. Mulher da elite paulistana que ao ser diagnosticada doente mental teve a sua casa no bairro da Bela Vista, São Paulo, parcialmente transformada em um hospital psiquiátrico privado e nela permaneceu isolada por ordens medicas entre 1919 e 1961. “O Banho” não tem como foco a doença mental de Dona Yayá e não é uma narrativa linear sobre a sua vida. Mas, coloca a questão: qual seria a subjetividade dessa mulher que, quando isolada, teve todos os vestígios que lhe remetiam a sua vida anterior retirados, e mesmo assim sobreviveu por quarenta anos? A instalação coreográfica “O Banho” é composta por elementos de dança, performance e vídeo, cujas imagens realizadas na casa da Dona Yayá, na sua maioria a partir dos reflexos do solarium de vidro, remetem a passagem do tempo e a dissolução do corpo em uma reflexão sobre a sua efemeridade. Durante a apresentação o corpo da performer permanece imerso em uma banheira–casa, movendo-se em limitado espaço e ilimitado tempo, suspenso pelo ponto no qual encontra-se entre vida e morte. Em uma referência aos experimentos realizados pelo médico Jean-Martin Charcot, no hospital Salpêtrière em Paris, com pacientes histéricas, os quais eram abertos a um público especializado e consistiam de repetitivos ataques induzidos nas pacientes que hoje podem ser analisados como performances teatrais. “O Banho” é sobretudo um ritual de limpeza, cura e uma homenagem a Dona Yayá e as mulheres que viveram ou vivem situações semelhantes a dela e resistem.
Ficha Técnica “O Banho”
Concepção/Direção – Marta Soares. Performance – Marta Soares. Desenho de Som – Lívio Tragtenberg. Desenho de Luz – Wagner Pinto. Edição e Finalização do Vídeo – Leandro Lima. Produção – CAIS Produção Cultural. José Renato F. de Almeida e Beto de Faria. Realizado com o apoio do Prêmio Rumos Dança do Itaú Cultural. Recebeu o Prêmio APCA 2024. Duração: 50 minutos. Classificação: a definir
Sobre Marta Soares
Marta Soares é dançarina, performer e coreógrafa. Completou o One Year Course no Laban Centre for Movement and Dance em Londres. Em Nova Iorque completou o Bacharelado em Artes (BA) na State University of New York (SUNY), o Certificado em Análise de Movimento Laban (CMA) no Laban/Bartenieff Institute of Movement Studies (LIMS). Estudou e trabalhou com a diretora e dramaturga Lee Nagrin (fundadora do grupo “The House” dirigido por Meredith Monk e ganhadora do Prêmio OBIE em dramaturgia) como também nas escolas Movement Research , Susan Klein , Alwin Nickolais entre outras. Recebeu a Bolsa para artistas da Fundação Japão através da qual estudou dança butô com Kazuo Ohno em Tóquio, Bolsa para Pesquisa e Criação Artística da John Simon Guggenheim Foundation. E, foi Artista em Foco na Mostra Internacional de Teatro (MIT) em 2019.
No Brasil criou entre outros o solo “Les Poupées” (Prêmio APCA 1997); o trabalho em grupo “Formless”; o solo “O Homem de Jasmim” (Prêmio APCA 2000); a instalação coreográfica “O Banho” (Prêmio APCA 2004), o trabalho em grupo “Um corpo que não agüenta mais”; a instalação coreográfica “Vestígios” (indicada ao Prêmio da Revista BRAVO! e ganhadora do Prêmio APCA 2010), o trabalho site específico “Deslocamentos”, o solo “Bondages” (indicado ao Prêmio da Revista Bravo! e ganhador do Prêmio Denilto Gomes 2017).
Os seus trabalhos foram apresentados em festivais internacionais entre os quais destacam-se: Festival Temps d’Images na França; Festival Queer Zagreb na Croácia; Festival Europália na Bélgica; Festival In Transit na Alemanha; Festival Proximamente na Bélgica e Festival Dias de Dança em Portugal. E, em festivais nacionais como Fórum Internacional de Dança de Belo Horizonte (FID), Festival Panorama Rio Arte de Dança, Festival Porto Alegre Em Cena, Festival Internacional de Dança de Recife, Bienal Internacional de Dança do Ceará, Festival de Dança de Joinville, Bienais de Dança dos SESC em Santos e Campinas.
Serviço
Projeto FEMININO INFORME
Local: Cúpula do TMSP – THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Praça Ramos de Azevedo, s/n.
Datas das apresentações dos espetáculos:
Les Poupées – de 15 a 20/09. Horários: 19h (domingo) / 20h (segunda-feira a sábado). Livre.
Bondages Solo – de 4 a 9/10 (recomendado para maiores de 16 anos).
Horários: 19h (domingo) / 20h (segunda-feira a sábado).
Bondages Grupo – de 15 a 20/11/2024 (recomendado para maiores de 16 anos).
Dia 15 às 17h. Dia 16 às 20h. Dia 17 às 19h. Dia 18 às 20h. Dia 19 às 20h. Dia 20 às 17h.
Ingressos: R$ 33,00 (inteira) / R$16,50 (meia-entrada). Duração: 40 minutos.
Capacidade – 150 pessoas.
*O Banho – ainda em local a ser definido