No Top 250 do site IMDb, “Um Sonho de Liberdade” está em primeiro lugar, com a média de notas mais alta dos usuários: 9,3. Os elogios se multiplicam nos fóruns e críticas. Mas esse fenômeno não se repete entre todos os públicos: o filme nem chegou perto da lista dos 250 melhores de todos os tempos feito pela revista Sight and Sound, que entrevistou centenas de críticos e diretores para chegar ao veredicto. Na oportuna data em que se completam 20 anos da estreia nem um pouco heroica de “Um Sonho de Liberdade” nos cinemas, fica a dúvida: quais são os reais méritos do filme? Aqui, a voz do povo foi realmente a voz de Deus? Ou só os cinéfilos tarimbados podem opinar na questão?
O que garante o frescor do filme até os dias de hoje? O fato de ser uma adaptação de um trabalho do sempre bom Stephen King? O roteiro e direção de Frank Darabont (que anda esquecido, coitado)? A presença icônica e insubstituível de Morgan Freeman, conferindo caráter e um vozeirão ao personagem Red? Os momentos em que os detalhes importavam? Pense nesses detalhes: a música que invade a prisão em um ato de rebeldia, o trabalho na biblioteca, o corvo de estimação do grande James Whitmore. Talvez tudo isso faça de “Um Sonho de Liberdade” um bom filme. Mas o melhor de todos?
Andy Dufresne (Tim Robbins) é condenado a cumprir duas prisões perpétuas pelo assassinato da esposa e do amante dela. Como um banqueiro como Andy pode sobreviver no ambiente da prisão de segurança máxima? Bem, quando se tem bons neurônios e um aliado como Red (Freeman), tudo é possível. Uma premissa simples, com um pouco de violência e raiva balanceados por uma amizade verdadeira entre os detentos. Temos aí ingredientes para agradar a homens e mulheres.
É um filme belo visualmente, emocionante e com boas atuações. Os espectadores se identificam com os personagens e torcem para que eles tenham um final feliz.
As estatísticas do IMDb mostram que o filme é mais popular entre os usuários mais jovens, pois a nota média vai caindo conforme aumenta a idade. E, como todo filme, este também não é unanimidade: embora 57% dos que votaram tenham dado nota 10, 2% deram nota um, seja porque não gostaram mesmo do filme ou porque não acham que ele merece o lugar mais alto do ranking. E 2% aqui não são poucos: mais de 26 mil pessoas.
Como muitas outras películas adoradas, “Um Sonho de Liberdade” foi desprezado na estreia e não ganhou nenhum Oscar. Foi, entretanto, beneficiado pela tecnologia dos anos 90: não precisou esperar décadas para que alguns apreciadores o redescobrissem. Ele foi redescoberto pelo VHS. Foram colocadas no mercado 320 mil cópias de VHS. Sucesso total de vendas. A TV a cabo, também uma nova tecnologia, exibiu-o à exaustão, angariando mais e mais fãs para Andy & Red.
Mas, afinal, é o melhor filme do mundo? Talvez seja para você que está lendo este artigo. Talvez não. Mas é cheio de qualidades, e a principal delas é a que lhe confere tamanho sucesso: “Um Sonho de Liberdade” é humano.