Se analisar a carreira do diretor e roteirista Aaron Sorkin é fácil perceber que sua obra versa basicamente sobre as mudanças político-sociais de sua América natal. Sua abrangência observacional rendeu os roteiros das séries The West Wing e Newsroon e filmes como a obra-prima A Rede Social.
Pode-se encontrar um ponto em comum na elaboração do discurso até de sua incursões como diretor, como esse lançamento da Netflix, Os Sete de Chicago. Ele tinha esse projeto, de recontar a escalada de protestos contra a Guerra do Vietnã que parou Chicago, em 1968, há mais de dez anos.
Com a vitória do republicano Richard Nixon, e até como forma de “mandar um recado”, foram indiciados os líderes dos protestos que ficaram conhecidos como os 7 de Chicago, cujo o intenso julgamento (foram 5 meses) é a tratativa da história.
Sorkin, roteirista brilhante, desenvolve os parâmetros das diferentes razões desses líderes que se alinham contra a visão de mundo vigente no país. Para tanto, deixa claro a diferença de tratamento entre esses 7, todos brancos, e um negro, mais precisamente o presidente dos Panteras Negras, Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen 2º), cuja integridade física é a única, dentre eles, violada.
Sacha Baron Cohen, num filme com um numeroso time de boas atuações masculinas, se destaca ao refinar sua persona humorística, algo como a visão mais cínica do contexto retratado. Contexto esse sublinhado pela precisão da montagem que flerta com o documental.
Como ressaltei, Sorkin é um exímio roteirista. Mas essa habilidade fica menos evidente na sua direção, que não dá conta do tanto que seu texto quer contar. Não que o resultado seja ruim, mas a sensação de que um olhar mais experiente conseguiria uma unidade maior nas ramificações dramáticas que o filme tece, é flagrante.
Assim, Os Sete de Chicago tem mais potência pelo valor histórico que traz em si, que necessariamente pelo filme que tirou disso. Ainda que seja um filme contundente no que se propõe.