Nos dias em que feras aterrorizantes vagavam pelos mares, os caçadores de monstros eram considerados verdadeiros heróis, e nenhum recebeu mais elogios do que o grande Jacob Holland. Mas quando a jovem clandestina Maisie Brumble entra no lendário navio de Jacob, ele não tem escolha a não ser levar esse aliado com ele. Juntos, embarcam em uma jornada épica por mares desconhecidos. O cineasta vencedor do Oscar Chris Williams (‘ Vaiana’, ‘Big Hero 6’, ‘Bolt’ ) apresenta A Fera do Mar, uma jornada que vai onde os mapas terminam e a verdadeira aventura começa.
Análise
Uma das coisas que mais chama a atenção no início desse longa de animação e sua devida apresentação é o folclore interessante pelo qual a trama está cercada. Partindo de um roteiro que não é baseado em nenhum trabalho anterior, A Fera do Mar consegue nos apresentar um mundo fascinante, cheio de detalhes e bastante crível, que se inspira nos grandes romances de aventura misturando-o com filmes de monstros.
Encontramo-nos em um mundo onde existem monstros marinhos e um grande reino que envia periodicamente alguns caçadores (nossos protagonistas) para defender a cidade desses monstros. Os pequenos detalhes ajudam a dar uma grande consistência ao roteiro.
De fato, nesta introdução, vemos uma impressionante sequência de ação (onde metade do orçamento deve ter ido), entre os caçadores e um monstro marinho. O nível de animação é surpreendente, e serve para nos fisgar desde o primeiro momento, embora também nos engane, porque não se repetirá ao longo do filme, excluindo a parte final.
Há um pouco de Moana, um pano de fundo de Piratas do Caribe, um fio de Como treinar seu dragão, e até alguns acenos para os filmes de Kaiju na animação divertida que apresenta alguns filmes reais em vez de apenas cores brilhantes para prender a atenção das crianças.
Chris Williams (que codirigiu “ Big Hero 6 ” e “Moana”) faz sua estreia solo confiante com um roteiro que coescreveu com Nell Benjamin que subverte a mitologia clássica de aventura marítima. Após um breve prólogo que nos apresenta a Maisie ( Zaris-Angel Hator ) enquanto foge de seu orfanato em busca de uma aventura maior, Williams e sua equipe encenam uma batalha impressionante no mar entre dois navios caçadores de monstros e uma fera enorme.
A Fera do Mar (The Sea Beast, no original) se passa no meio de uma grande guerra entre monstros e homens, que financiados por um rei ( Jim Carter) e uma rainha (Doon Mackichan) que claramente não se importa de colocar as pessoas em perigo, mas nunca arriscaria sua própria segurança.
O outro herói é Jacob Holland ( Karl Urban, encontrando um belo heroísmo vulnerável em seu trabalho de voz), que cresceu em um navio de caça chamado Inevitable, dirigido pelo implacável Capitão Crow ( Jared Harris). O Ahab deste conto, Crow representa o caçador da velha guarda, alguém que faz isso há tanto tempo que está obcecado em caçar a criatura que pegou seu olho, não importa o custo.
Quando Maisie se esconde em seu navio enquanto caçam, a fera do mar, um gigante vermelho conhecido como Bluster, tudo muda. Através de uma série de eventos de ação, Maisie e Jacob descobrem que tudo o que lhes foi dito sobre a batalha entre o homem e o monstro é um mito.
A Fera do Mar é produzido pela Netflix, e a pergunta que se faz assim que o filme começa é… Será que o design visual estaria à altura dos outros grandes e mais renomados? E sim, o longa tem um nível alto e para isso é só olhar para o próprio mar como foi projetado, com uma quantidade tão realista de detalhes que o espectador fica sem palavras. Mais tarde há uma redução da variedade de detalhes focando em espaços menores, mas ainda em um bom nível.
Acima de tudo, e isso é raro hoje em dia na animação americana, o roteiro entrelaça as influências em algo refrescantemente ousado. A animação assume riscos narrativos, pois é um filme de caça a monstros que, em última análise, é antiviolência. É o tipo de coisa que gera diversão e reflexão. E é um sinal esperançoso de que a Netflix possa começar a se tornar uma voz mais proeminente na animação original. Contanto que eles estejam dispostos a fazer filmes tão ricos quanto A Fera do Mar.
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