Intimidade entre Estranhos é diretamente inspirado na canção homônima de Frejat com Leoni, o que o diretor José Alvarenga (que está bem ativo nesse 2018, meses após ter lançado 10 Segundos para Vencer) procurou ampliar para uma história de um relacionamento improvável entre Maria (Rafaela Mandelli, muito bem e lindíssima) que acaba de se mudar para o Rio de Janeiro, com o objetivo de acompanhar seu namorado Pedro (Milhem Cortaz), que será protagonista de uma novela bíblica. Eles alugam um apartamento, onde o sindico do prédio é o jovem Horácio (Gabriel Contente), que se mostra extremamente rigoroso com as regras do condomínio. No início Maria bate de frente com o rapaz, mas aos poucos se aproxima intimamente do vizinho.
Essa ideia dos opostos que se complementam não é nada nova, mas como o título supõe, a trama concentra-se na intimidade da relação, ou seja, as possibilidades são promissoras – vide metade dos filmes da nouvelle vogue. O resultado porém fica num meio termo já que nos joga sensivelmente no florescimento desse encontro, humanizando as partes em seus conflitos, ao mesmo tempo que se coloca de maneira tão convencional que dá a sensação de não ter visão poética suficiente para a singeleza que propõe. Soa quase banal. O roteiro de Matheus Souza até tem algumas boas sacadas, mas de todo o seu repertório, esse é o que tem menos identidade.
A grande verdade é que para além de seu viés ordinário, o filme não tem a mesma perspectiva da música que o inspirou. Enquanto na canção, o eu lírico está intrínseco no drama emocional, o filme parece estar distanciado, olhando de longe. Tão longe quando insípido que resulta insípido.