A Mulher Rei chega para reparar uma injustiça histórica do cinemão: relegar a África ao mero plano de ponto de partida de escravizados. Enquanto a Grécia e a Roma da Antiguidade, a Inglaterra e França da Idade Média são sempre exaltados na telona, a história dos negros é reduzida à escravidão nas Américas. Mas e o que acontecia por trás do processo de venda dos escravizados para as Américas. E o que acontecia bem antes disso?
A trama acompanha a história de Nanisca (Viola Davis) que foi uma comandante do exército composto apenas por mulheres no Reino de Daomé, um dos locais mais poderosos da África nos séculos XVII e XIX. As Agojie, como eram conhecidas, combateram os colonizadores franceses, tribos rivais e todos os que tentaram escravizar seu povo e destruir suas terras.
O grupo foi criado por conta de sua população masculina enfrentar altas baixas na violência e guerra cada vez mais frequentes com os estados vizinhos da África Ocidental, e o crescente fenômeno do comércio de escravos durante a Era dos Descobrimentos, o que fez com que mulheres fossem alistadas para o combate.
Sem dúvidas Viola Davis (que até esteve no Brasil divulgando o filme) é quem carrega o filme. Ela, inclusive, é produtora. É possível notar em cada movimento, em cada olhar para a câmera seu total comprometimento com o projeto.
Junto com a atriz, a diretora Gina Prince-Bythewood (de Old Guard) empreende o épico representativo que Hollywood estava devendo. Ok, muitos irão se lembrar de Pantera Negra e até sua continuação que está entrando em cartaz). Só que aqui temos o amparo da História, como Ben-Hur, pro exemplo.
O elenco que ampara Viola também é bastante inspirado. Temos uma potente Lashana Lynch, Thuso Mbedu desempenhando seu papel de forma bastante satisfatória, assim como Sheila Atim. John Boyega (o Finn de Star Wars) é o principal personagem masculino e mostra segurança e maturidade no papel.
A Mulher Rei poderia ser visto como um filme de super-herói se não fosse baseado em eventos reais. Se há uma falha no longa, é justamente quando acaba deixando o tom de blockbuster de ação se sobrepor ao drama que é o cerne da questão. Ainda assim, é uma acertadíssima empreitada que esperamos ver similares.
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