No mundo cinematográfico atual, o gênero do terror tem ganhado um destaque especial. Segundo Alexandre Aja, renomado diretor e roteirista francês, o sucesso desse gênero pode ser atribuído ao medo crescente que as pessoas sentem em relação ao mundo real.
Nascido em 1978, Aja construiu sua carreira em torno de filmes que não apenas assustam, mas também exploram as profundezas das ansiedades humanas. Em entrevista recente, ele afirmou: “O terror faz sucesso hoje porque estamos com medo do mundo real.” Para ele, as incertezas políticas, as crises ambientais e as ameaças globais alimentam a imaginação do público, tornando o terror um espelho distorcido de nossas próprias preocupações.
Aja acredita que, em tempos de insegurança, as pessoas buscam o terror como uma forma de catarse. “É uma maneira de confrontar e processar esses medos de uma forma controlada,” disse ele. Seus filmes, como “Viagem Maldita” (2006) e “Predadores Assassinos” (2019), exemplificam essa abordagem, misturando horrores palpáveis com terrores sobrenaturais para criar uma experiência intensa e emocionalmente carregada.
“Por outro lado, fico me perguntando se não tem algo um pouco mais profundo aí também”, continuou o cineasta. “Acho que estamos vivendo em uma época muito mais incerta do que todas as anteriores – e, nesse clima, ir ao cinema para ver algo como Não Solte! pode ser uma forma de exercitar este medo que sentimos do mundo real. Penso nesse filme como um conto de fadas sombrio, e acho que a função dos contos de fadas também é essa: confrontar quem somos, o que estamos sentindo, em um contexto ficcional”.
Além disso, Aja aponta para a evolução do próprio gênero. Com a ascensão de filmes de terror psicológico e social, como “Corra!” (2017) e “O Homem Invisível” (2020), o público está cada vez mais interessado em narrativas que comentam sobre as realidades sociais e pessoais. “Estamos vendo uma nova era do terror, onde o monstro não é apenas uma criatura fantástica, mas uma metáfora para os males da sociedade,” observou Aja.
Para ele, essa tendência só tende a crescer. Enquanto o mundo real continuar a ser uma fonte de inquietação, o terror permanecerá como um gênero vital e relevante. “O terror nos permite enfrentar nossos demônios, tanto internos quanto externos. E, às vezes, isso é tudo o que precisamos para seguir em frente.”
Com suas palavras, Alexandre Aja ilumina não apenas o estado atual do cinema de terror, mas também a condição humana contemporânea. Afinal, como ele mesmo sugere, talvez o verdadeiro terror esteja do lado de fora da tela.