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Alguns Motivos Para Não Se Apaixonar

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Tornou-se costume dizer que o cinema argentino está mais maduro que o nosso, por que sabem fazer cinema de gênero. Pelo que conheço da cinematografia do país, através dos poucos filmes lançados nos cinemas, em festivais ou em DVDs, eu não poderia discordar de que a afirmação é ao menos parcialmente correta, pois os hermanos parecem realmente entender do riscado – não farei comparações com cinemas de outros países. Pelo menos nos filmes que eu assisti. Com isso na cabeça, fui ver essa comédia romântica de 2008, mas só agora lançada nos cinemas brasileiros.


Há um momento em Alguns Motivos Para Não Se Apaixonar que uma tartaruga aparece andando em cima de um muro. Na verdade, há alguns outros momentos parecidos durante o filme, com o mesmo animal fazendo o mesmo movimento. E estas são as cenas mais marcantes dos 86 minutos de película. Todo resto, como a história, a fotografia, a direção, a cenografia e, o mais importante, as atuações, são terrivelmente esquecíveis. O horror, o horror!

Se o filme foi pensado como uma paródia das comédias românticas mais bobas da história, o diretor Mariano Mucci e a roteirista María Laura Gargarella acertaram em cheio. Todas as coincidências possíveis – e impossíveis – e toda uma sorte de personagens falando e agindo de maneira infantil e inexplicável passeiam pela tela. É raro assistir filmes em que nada se salva, sempre há algum ator, alguns diálogos, alguma situação bem escrita ou uma produção ao menos bonita de se ver, mas não posso dizer isso sobre Alguns Motivos Para Não Se Apaixonar. É constrangedor.

Se alguém ainda está interessado em saber sobre o que trata, afinal, o filme: Clara (Celeste Cid) é uma atendente de telemarketing que não sabe escolher seus namorados, é muito indecisa e agora encontra-se sem um lugar para viver. Teo (Jorge Marrale) é um senhor que mora sozinho num apartamento com um lugar vago, dentro de uma charmosa vila no meio de Buenos Aires, seus passatempos são torcer para o Racing e jogar xadrez. Através de coincidências – e talvez, da tartaruga – eles se encontram e Clara se muda para o apartamento de Teo. Daí pra frente, começa o jogo de gato e rato para ver quem faz o esforço para o primeiro beijo, a primeira viagem, a batalha para superar as diferenças e…

Sim, as comédias românticas precisam de clichés para sobreviver e atrair platéias – esse filme foi supostamente a segunda maior bilheteria argentina em 2008 – e este filme tomou emprestado o livro hollywoodiano dos clichés e o leu de cabeça para baixo. A primeira e mais fundamental regra, que afirma que os protagonistas tem que ser personagens simpáticos e de fácil conexão com o público, foi jogada no lixo. Clara é irritante, intrometida e uma porca, enquanto Teo é simplesmente chato e tedioso.

Se alguém no inferno resolvesse produzir uma versão de Encontros e Desencontros, o resultado seria Alguns Motivos Para Não Se Apaixonar.

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