Os chamados “filmes espíritas”, que cada vez mais vem se tornando um gênero lucrativo para o cinema brasileiro, geralmente se caracterizam pelo viés messiânico de suas mensagens ou apenas como forma de pulverização de sua doutrina religiosa. Não julgo essas pretensões até porque, de uma forma ou de outra, todo e qualquer filme vem imbuído de alguma “missão” em discurso. A questão é como isso é feito e o nível de profundidade que esse objetivo alcança (ou não) numa avaliação literal.
As Mães de Chico Xavier só reforça a ideia de que ainda está para ser feito um filme “da categoria” bom. Ele peca nas duas pretensões que apontei e ainda consegue a façanha de não justificar nem o seu argumento.
Dito como baseado em fatos reais e inspirado no livro Por Trás do Véu de Ísis de Marcel Souto Maior (cuja a história é bem mais interessante e iconoclástica) o filme acompanha a história de três que encontram nas cartas psicografadas por Chico Xavier, o conforto pela perda, ou projeção dela, de seus filhos.
O problema mais grave da produção é a completa dislexia de seu roteiro que não se pauta necessariamente naquilo que se propõe: acompanhar (e aprofundar) a trama dessas mães, mas cai no dramalhão barato, com uma montagem esquisita que se denota a fragilidade de sua concepção. Para completar, o fio condutor de tudo é um jornalista interpretado por Caio Blat, que praticamente entra no começo, rascunha sua função no meio e aparece no fim sem ao menos dar uma ligação coerente com as tais três histórias.
Dirigido pelo mesmo Glauber Filho (do horroroso Bezerra de Menezes), junto com Halder Gomes, As Mães de Chico Xavier nada mais é do que um arremedo de uma boa intenção, que carece (e muito) de trato cinematográfico. Ainda que seu elenco se esforce – a notável Via Negromonte é destaque – outra vez um filme espírita resulta num verniz que está mais para vídeo institucional de conferência espírita do que cinema, propriamente dito.
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