Autor do livro que deu origem ao longa, Chbosky escreveu o roteiro que o a adaptou para a telona e ainda assumiu a direção. As comoventes cartas de Charlie (Logan Lerman) viraram cenas em que temos a chance de observar não só a subjetividade da estória na voz narrativa do adolescente, mas também outras percepções vividas pelos personagens ao seu redor.
Charlie é um jovem que observa a vida do interior de sua concha. Apesar de muitas vezes parecer apático e indiferente a quase tudo, é sua narrativa que nos permite enxergar que, na verdade, no seu íntimo, existe um grande emaranhado de sentimentos, que às vezes se comportam como uma brisa suave, um torvelinho ou até mesmo um furacão – quando só então as emoções são externadas através de um choro compulsivo.
Com a entrada de Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller) em sua vida, ele se sente inclinado a participar mais de seu próprio mundo, inclusive com o incentivo de seu professor de inglês Bill (Paul Rudd), que é uma das poucas pessoas que consegue distinguir seu potencial.
Charlie é o típico adolescente que sofre um momento de inadequação, mas que consegue superá-lo através da aceitação de novos amigos que o incluem no mundo “normal” dos jovens.
Impossível não ser cativado pela jornada de Charlie em seu movimento para fora de si mesmo, emergindo num mundo com drogas, bebida, sexo, rock e… vida, encarando seus infortúnios do passado e desenvolvendo um papel menos passivo em sua própria história.
Para quem acha que sempre olhará para Emma Watson como Hermione, mudará de opinião ao assistir este filme. A interpretação da atriz não nos leva a pensar na bruxinha nem por uma cena. O trio de atores é realmente funcional, seja com Ezra fazendo papel de homossexual, seja com o próprio Logan Lerman na pele do protagonista tímido e inseguro. Para quem leu as cartas de Charlie, será fácil identificar a mesma imaturidade e, às vezes, falta de tato presentes no livro. Os flashbacks de Charlie incitam a curiosidade do espectador que só se realizará no fim do longa com um fechamento um tanto triste, porém conclusivo.
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