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“Assassino Sem Rastro” tem boa premissa, que não é aproveitada

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Abraçando a tendência da atual em Hollywood de produzir remakes de filmes estrangeiros de sucesso, o novo filme do diretor Martin Campbell (“A Máscara do Zorro”), “Assassino Sem Rastro” (Memory)”, é a refilmagem do belga “The Memory of a Killer”, de 2003.

A nova versão hollywoodiana tem uma premissa interessante: o matador de aluguel Alex Lewis (Liam Neeson) está com início de Alzheimer, tendo que lidar com algumas perdas de memória. Diante desse problema, ele passa a anotar em seu antebraço as principais informações sobre seu trabalho e sua localização. Devido à sua doença o matador deseja se aposentar, porém seus chefes não sabem de sua condição de saúde e não permitem que ele se afaste do trabalho.

Lewis, então, é contratado para mais um serviço – matar uma jovem, algo que vai contra o seu código de honra pessoal, código esse que não é bem explicitado no filme. O matador se recusa a executar o serviço e, a partir daí, é perseguido de um lado por seus chefes, que querem silenciá-lo, e de outro pelo FBI, que investiga os assassinatos executados por ele.

O principal investigador do caso, Vincent Serra (Guy Pearce), é um policial que está constantemente dividido pela linha tênue do que é certo e errado, e por isso questiona a índole de Lewis.

A questão da perda de memória do protagonista tinha enorme potencial para ser o mote principal do filme. Porém essa questão acaba sendo diluída entre as inúmeras cenas de ação e a relação entre Lewis e Serra. É importante destacar que essas sequências mais movimentadas são muito bem realizadas e ao mesmo tempo respeitam a idade e a condição física de Liam Neeson, não exigindo dele performances mirabolantes.

Ainda assim é uma pena que não se aproveite mais o dano neurológico do personagem. Os momentos em que ele sofre os lapsos ou não tem importância para a trama, ou acontecem quando são muito convenientes para o roteiro. Se essa falta de memória acontecesse durante uma perseguição, por exemplo, quando, do nada, ele não soubesse mais quem são os perseguidores ou perseguidos, poderiam ser criadas situações bem mais dramáticas para a história.

O filme tem uma falha grave de roteiro, que faz com que ele possa ser visto como preguiçoso, empurrando convenientemente a resolução de um ponto importante, mas de rápida solução, para o final da trama – de quebra, prolongando a duração.

Os atores têm muito bom desempenho, entregando excelentes personagens. Apesar disso é impossível ver Guy Pearce na tela e não lembrar de sua atuação em “Amnésia (Memento)”, em especial nos momentos em que vemos o personagem de Liam Neeson fazendo anotações em seu corpo.

Por fim, “Assassino Sem Rastro”, que tinha potencial para ser algo mais, acaba apenas como mais um bom filme da “franquia Liam Neeson” de filmes de ação. E mesmo que o ator não seja o herói da história desta vez, como estamos acostumados a ver, a postura de seu personagem mostra que há um lado bom em seu código de conduta, fazendo com que ator/personagem busquem a justiça no fim das contas.

Nota: Bom – 3 de 5 estrelas

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