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Avatar, de James Cameron

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Após dez anos em desenvolvimento e quatrocentos milhões de dólares investidos, James Cameron finalmente entregou Avatar para os cinemas do mundo todo e fez história. C’est fini, nada mais precisaria ser dito, procure um cinema 3D próximo de onde vive e imersa em uma nova experiência cinematográfica.

Não é isto que vocês esperava de uma crítica, não? Pois bem, continue lendo o texto de tijolos amarelos, mas saiba que existe uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho…

 

Jake Sully e seu Avatar

Jake Sully (Sam Worthington) é um fuzileiro que acaba paraplégico ao sofrer um acidente em serviço na Terra e parte para a lua Pandora, como um mercenário contratado por uma corporação para substituir seu irmão falecido no projeto Avatar. Localizada no sistema solar de Andromeda, Pandora é corpo celeste similar a Terra que abriga uma rica e perigosa diversidade vegetal e animal, incluindo uma espécie racional conhecida como Na’vi que não está nada feliz com “o povo do céu” – a maneira como a humanidade é chamada, já que os humanos buscam somente a exploração das reservas de um raro mineral sob o solo de Pandora.

Na tentativa de negociar com os Na’vi e evitar uma imagem ruim perante a Terra, os cientistas desenvolveram um organismo híbrido entre homem em na’vi conhecido como Avatar, utilizado como um invólucro biológico da consciencia para interação com a raça nativa. Sem tempo para realizar o treinamento, Jake assume o lugar do irmão e parte maravilhado com seu novo corpo ao lado de outros avatares para pesquisar o planeta. Mas algo sai errado e Jake fica perdido no ambiente inóspito, sendo salvo pela na’vi Neytiri (Zoe Saldana) que, o leva para sua tribo após receber um sinal da deidade local.

Jake e o Coronel Quaritch

Com seu avatar aceito pelos na’vi, Jake possui como missão viver três meses entre os nativos para negociar o minério ou coletar informações para uma guerra iminente. Enquanto descobre o estilo único dos na’vi e sua conexão com tudo que esta vivo em Pandora, Jake percebe que o mundo real não está onde habita seu corpo verdadeiro, mas onde vivem seus sonhos. Ao ex-fuzileiro é dada a missão de salvar não somente a vida em Pandora, mas proteger e conseguir redenção da sua amada Neytiri.

Apesar de cativante, a trama de Avatar não apresenta nada que já não tenha sido melhor explorado em outras produções e torna-se por demais previsível. Temos o monomito com praticamente todos arquétipos desmascarados à nossa frente, desde os ritos de passagem até a ressurreição do herói, passando por fim pela batalha antagônica entre o herói e o vilão. Mas aqui tudo funcionando muito bem devido ao grande diferencial do filme: a tecnologia desenvolvida por James Cameron.

O cineasta não somente desenvolveu uma nova captura de câmera e uma tecnologia de mesclar atores com computação gráfica perfeitamente, a melhor parte da experiência proporcionada por Avatar é a imersão no cinema 3D de maneira mais natural, nos fazendo vivenciar uma história e não efeitos especiais. As recentes produções 3D, como Beowulf e Coraline, utilizam de artimanhas visuais para destacar o efeito holográfico, já em Avatar isso é desnecessário, pois toda fotografia possui profundidade — claro que em diversos momentos são utilizadas tomadas vertiginosas para impressionar, o filme serve também para vender o trabalho visionário de Cameron (e quando digo visionário, quero lembrar que o cineasta começou o projeto dez anos atrás).

"A equipe Avatar"

Toda tecnologia também atua em favor dos atores, que “fantasiados” pela computação gráfica revigoram o conceito da profissão e desempenham um papel essencial no sucesso de Avatar. Sam Worthington já havia roubado ‘O Exterminador do Futuro: A Salvação’ de Christian Bale, mas como Jake Sully, o ator confirma que pode se tornar o maior nome do cinema atual. Zoë Saldana mantém a tradição que Cameron possui em realizar personagens femininas marcantes e literalmente dá vida à Neytiri, que salta aos olhos como uma heroína sexy e determinada. Por fim, Stephen Lang contrabalanceia a equação com o Coronel Quaritch, um vilão tão memorável que corre o risco de entrar para no hall da fama dos grandes nêmesis do cinema.

Infelizmente James Cameron não se preocupa em mostrar qualquer nuance de cinza, o filme é simplista em sua construção e montagem, transmitindo uma mensagem politicamente correta sobre ecologia e defesa dos pequenos interesses mediante grandes corporações. Sem dúvida isto agrada o consumidor mediano, mas impede uma reflexão possível sobre um universo que espelha nossos próprios medos e problemas. Sempre sou o último a criticar a obrigatoriedade política na cultura e entretenimento, mas Avatar pretende transmitir uma mensagem e nisso ele falha desastrosamente ao utilizar uma abordagem enlatada para consumo e pronta para esquecimento.

Guerra declarada

Mesmo estando sob o espetacular efeito da obra de Cameron e tendo consciência de que verei o filme novamente em 3D e também em IMAX, estou mais animado com o emprego da tecnologia por outros grandes diretores -como Ridley Scott e Peter Jackson, do que extasiado com Avatar. Ainda assim recomendo novamente que não deixem de assistir Avatar em 3D, um filme obrigatório sob a perspectiva aqui apresentada.

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Sal -

on drums

23 Comentários

    • Muito pelo contrário, no filme são apresentados conceitos e críticas a nossa sociedade .

      Como por exemplo: “qual o conceito de civilizado? só por que nós construimos estradas e “naves espaciais” significa que nós somos mais evoluidos? nossa medicina e ciência que se baseia na matéria groceira e pesada é melhor do que uma em que, com a força de vários pensamentos interligados numa rede neural em conjunto com a natureza, poderiamos salvar uma pessoa sem a nessecidade dos cortes de uma cirurgia?

      É claro que não estou dizendo pra que começemos a sair de nossas casas e irmos morar nas florestas para entrar mais em contato com a natureza e viver de suco de clorofila (eles nem tomam suco de clorofila!?!?! hehe). Mas, será que nossa ciência está caminhando para o lado certo? Não está na hora de parar de olhar para o coforto de nosso própio umbigo, e nos preocuparmos com a biosfera do nosso planeta? Viver em harmonia com ele, como os Na’vi que são considerados “selvagens”?

      É claro que eu viajei um pouco na filosofia… mas vale pensar…

      • Ou seja: uma discussão antiga (válida, mas antiga) e retomada de forma fraca, sem profundidade alguma pela película.
        Avatar é fantástico visualmente e só. Não é o fim do mundo. Não atirem pedras.
        A história não é só simples, mas rasteira. Apela para clichês muito além do necessário. Chega mesmo a ser chato em alguns momentos, mas nada como 2012, felizmente.
        Precisa ser visto, ao menos uma vez. O trabalho do pessoal técnico é primoroso e paga o ingresso.

        P.S.: Na minha lista Star Trek continua em primeiro (pela tradição), Bastardos e Iglórios em segundo (pela genialidade) e Distrito 9 em terceiro (pela comida de gato). 🙂
        Abraços.

  • Gostei do texto. Explica melhor do que os outros sites de notícias que só estão babando o ovo de Avatar. Vou assistir esse final de semana.
    Abs
    Juca

    • Como eu disse na lista de emails do Ambrosia, achei o filme bem bacana. O visual é muito bonito, mas gostei de alguns toques da história tbm, pois a graça desses filmes é sempre ver o ser humano se foder no final, o que eu acho ótimo, hahahaha. Ok, foi tudo muito preto no branco, com corporações e militares sendo os grandes “evil”, mas, diabos, a gente sabe que no mundo real eles são MESMO hahahaha

    • Valeu, Paulo. Mas esqueci de por “Up” na lista! Não é tão “nerd style”, mas é ótimo… Fica em terceiro ou quarto lugar, fácil. Avatar vem depois de Julia & Julie! hauhauhau… Malvadeza?

      Acho que dá pra abordar o tema “feladap@tagem” nas corporações de outras formas, pra buscar alguma novidade. Seguir o mesmo modelo de Alien enfraquece a coisa. Anos se passaram, afinal. Tropas Estelares soube usar o sarcasmo pra inovar, por exemplo! 🙂

    • reescrevendo pq saio uma merda.
      “adorei o filme, mas não por causa da baboseira 3D e tudo mais, e sim pela historia.Acho que eu iria gostar memo se fosse em desenhinho.

  • Trata-se de um novo “Matrix”, ou seja, inovando pioneiramente na forma, mas sem conteúdo significativo DE VERDADE, quer dizer que o filme é todo “virtual”, nesse item de conteúdo Avatar torna-se mais um “cola e copia” hollywoodiano de sempre. Não tem novidade a princípio, portanto, aguardemos que outros diretores de verdade peguem essa tecnologia e façam filmes realmente com substância.

  • Titanic, True Lies, Alien, Nenhum desses filmes tem grandes profundidade em suas historias. Porem dentro do que se propõe são filmes bem legais.

    Titanic é uma historia de amor legal (não me venham criticar um filme que ganhou Oscar ate dizer chega, só porque não gostam da historia), assim como True Lies para comedia e Alien para o terror.

    Os filmes de Cameron não têm por habito levantar grandes discussões filosóficas, mas em sua grande maioria agrada ao publico de maneira geral.

    Avatar não é diferente, a historia é previsível, os clichês estão todos ali o grande diferencial é a tecnologia de Imagem. O grande auge do filme é você não perceber as diferenças entre os Na’vis virtuais e as pessoas. Sem contar na bela fotografia do filme.

    Eu não sou de falar se o filme é bom ou ruim. Eu gostei (porem eu gosto tanto de filme bom como ruim). Eu acho que vale a pena ver e ver em 3D. porque essa é a grande sacada do filme

    • Só discordo da comparação, PaesLeme.

      Por exemplo, não estou criticando o trabalho geral de Cameron (nem acho que a resenha esteja). “O Segredo do Abismo” é um dos bons filmes de ficção científica de sua época (1989). Os demais filmes que você citou também são muito bons, dentro de seus nichos. Também não é um ataque ao “cinema descompromissado”, veja bem. Adoro filme besteirol e não compro a idéia de “apenas filmes reflexivos e profundos salvam”. Longe de mim.
      O primeiro Transformers, Indiana Jones (os antigos ou o último), Star Wars, o prório Matrix (fora o último) me divertiram bastante! São boas produções, com boas idéias dentro de roteiros comuns.
      O problema de Avatar não é ser simples e “não-reflexivo”. O problema de Avatar é que ele se atropela em clichês recentes demais, em uma linha de história sem sustos. Os efeitos, repito, são incríveis. Mas, o enredo é tão “Pocahontas com aliens” ou “o Último Samurai revisitado” que decepciona.

      Não acho que seja negativo criticar e classificar filmes. Claro que gosto varia, mas ainda falamos a mesma língua e podemos debater a qualidade de um trabalho. E todo mundo precisa aprender que uma crítica de cinema não é, necessariamente, uma crítica a quem assiste, certo? 🙂

  • eu esperava mais de avatar,foi feito mó estardalhaço como se avatar fosse for o filme do século e tudo que eu vi foi um filme bem cliche com um ótimo visual e ponto.

    eu concordo com a lista do jagunço pelos filmes: UP,BASTARDOS INGLÓRIOS E UP.
    SÓ FALTOU GI-JOE

  • è pessoal o cameron mandou brasa de novo ,voçes peden complexidade na mensagen e procuram no lugar errado, falam de tarantino e esquece de clint estwood,pedem tons de cinzas em filmes de veraõ de 400 mil patacas , avatar dentro do segmento que alimenta a maioria de voçes ,viciados em efeitos especiais é sem duvida a reeinvençaõ da roda ,nao peça coisas que voces naõ tem interesse

  • O filme vale pelo visual e só,história batida, aliens muito mal-feitos e tem hora que dá vontade de dormir “literalmente”, achei muito longo o filme poderia ter uma meia hora a menos, que com certeza o povo já íria entender…só pra variar

    P.S:Tbm não sou de babar ovo,mas o Jagunço esta certo, os filmes que valeram a pena assistir no cinema esse ano, foram os citados por ele, inclusive na mesma ordem que ele falow.

  • Gostei bastante do filme, mas não achei tão revolucionário quanto estão dizendo por ai. Fora que não consigo ignorar os diálogos fracos e a historia previsível não importa quão bonito seja o material. As frases e ações de efeito do vilão do filme me causaram constrangimento o filme todo.
    Como dito, “estou mais animado com o emprego da tecnologia por outros grandes diretores – como Ridley Scott e Peter Jackson, do que extasiado com Avatar.”

  • bom, Cameron precisa justificar um investimento tão alto. sabemos que a pressão de centenas de executivos ávidos por quadruplicar o investimento é enorme, e sendo o diretor famoso por fazer filmes diversão, não arrisca sair de sua zona de conforto. não vejo diferença de Avatar para The abyss, e graças a corajem de Cameron, o filme será escada para os novos filmes 3d e ousados diretores de arte ( peter chung, jackson,etc..).
    já imagino um desenho animado como Cat soup em 3d, ou Aeon flux, ou mesmo os próximos batman. A porta está aberta.
    enfim, fico neutro em relação a Avatar, aguardando a próxima década.

  • I think youve made some truly interesting points. Not too many people would actually think about this the way you just did. Im really impressed that theres so much about this subject thats been uncovered and you did it so well, with so much class. Good one you, man! Really great stuff here.

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